Por: Alexandre Mendes
Alcebíades tremia mais que uma britadeira no asfalto. Seu coração palpitava acelerado. Antes que pudesse desamarrar o cordão da sua calça, sentiu um embrulho forte no estômago. Teve ânsia de vômito e colocou as mãos na boca. Mas já era tarde demais... O que parecia sair por cima, forçou a sair o que parecia sair por baixo. Demorou cinco segundos para a sala ficar empesteada com o cheiro. Seu Sebastião levou a mão até o nariz. - Seu cagão! Você me paga! - Disse enquanto virava o facão de lado e erguia-o. Soltou uma pancada forte na cabeça do velho emporcalhado, que caiu desmaiado no assoalho do cômodo...
Abriu os olhos lentamente, enquanto delirava com a dor de cabeça. A princípio, se esqueceu completamente do que havia acontecido durante o dia. Suas pernas, braços, peito e cabeça: tudo estava doendo. Fixou os olhos no horizonte e não reconheceu o teto de madeira e telha colonial. O teto do casebre dele era de palha.
De repente, um estalo em sua mente o fez lembrar do ocorrido. Percebeu que estava deitado num amontoado de palha e sua roupa - de trapo remendado - estava molhada em seu corpo.
Sentiu calafrios devido a corrente de ar que entrava pelas frestas de um enorme portão de madeira fechado.
"Um celeiro abandonado. Eles me prenderam aqui." Pensou Alcebíades. "O que foi que eu fiz para merecer isso?"
Tentou se levantar apoiando o peso do seu corpo no braço direito e uma forte dor o impediu: estava com braço quebrado. Concluiu que apanhara mais um pouco, enquanto estava apagado.
Olhou ao redor e não percebeu nenhuma saída aparente. Pensou: "Meu Deus! Será que morrerei aqui?"
Tentou se levantar novamente, usando o braço esquerdo e conseguiu.
Apesar do "banho " que levara, seu corpo ainda cheirava muito mal.
A tonteira que sentia foi contida, após passar um belo tempo escorado em uma das paredes do celeiro.
Começou a tatear o local, afim de achar uma saída; uma tábua solta na parede, quem sabe.
De repente, o silêncio foi cortado por barulho de pegadas, amassando folhas secas, na direção do portão do celeiro abandonado. Alcebíades não teve dúvidas: A vítima ficaria de frente com seu algoz, a qualquer momento.
E agora? O que Alcebíades fará? Será o triste fim do velho agricultor? E Odimar? Por onde esse filho da puta andará?
Não deixe de ler o episódio V!
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