O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

terça-feira, 29 de abril de 2014

*
pessoas não são os uniformes que vestem
nem o emprego que tem
na verdade
atrás de todo balcão 
tem uma pessoa, gente como a gente

isso vale de gerente de banco
à vendedor de chip da tim/oi/vivo(com R$10 de créditos)

as vezes si esquece que o menino
do spoleto fala(grita) rápido
por que ninguém pensa em dizer

-bom dia rapaz, vamos com calma
me faz um espaguete, por favor

geralmente já si chega dizendo:
bacon, palmito, cebola
e uma coca!

o gari nem se fala
apesar da farda laranja florescente
parece até um ser invisível
anda por aí
varrendo e escondendo a cara do sol
as vezes o povo é o sol

o garçom tadinho
só recebe xingamentos
assobios e reclamações do preço da conta
- OU, PRIMO, DESCE MAIS UMA AQUI POXA!

se lembrem que a moça do caixa
não é dona do mercado
se faltar no caixa dela
ela tem que pagar do salário
nessas horas o bretas agradece a pressa dos clientes

professor, vissh
tinha que ser canonizado
planeja todo o conteúdo didático
pra aguentar um sala de aula
cheia de rafinhas bastos e danillo gentilis

motorista de ônibus recebe a culpa
pelos donos das empresas
nem vou falar dos atendentes de call center
que são pagos pra receber os xingamentos
no lugar dos patrões
- e a gente xinga mesmo.

vendedor ambulante
é o mais hardcore
não paga imposto direto
mas também não sabe qual mês
tem salário mínimo
ou qual mês queCORRE, CORRE, O RAPA TÁ VINDO!

hoje foi um daquele dias
que eu olhava pro pessoal que atende a gente por aí
e dava vontade de abraçar cada um e dizer
- cara, vocês são fodas de aguentar a gente
e o salário que tem.



-Kaio Bruno Dias

domingo, 27 de abril de 2014

DIEGO EL KHOURI - PELADA POÉTICA NO LEME





Num dia de extrema bebedeira ( quais não são?) recitando dois poemas no sarau Pelada Poética No Leme , organizado pelo ator e poeta Eduardo Tornaghi, numa guerra poética com Paula Wenke,  recitei (nesse vídeo) dois poemas, O primeiro do Marcos Alves Lopes

e o segundo um poema de minha autoria que escrevi em 2009:



Pai nosso :




Pai nosso que estais terra 
Profanado seja vosso nome 
vem a nós, nosso reino
Seja feita nossa vontade 
Na terra ou em qualquer lugar 


Os desejos voluptuosos nos dai hoje
Perdoai nossas crenças
Assim como fingimos acreditar em vós 
Deixai-nos em plena tentação
Mas tirai-nos da mente a tola ideia do inferno


(Amém)


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TESÃO SIMPLESMENTE TESÃO


Primeiro é o beijo. A língua enrolada na outra. Depois as mãos unidas acariciando seios, lambuzando corpos, descortinando sexos.

Em seguida é a nuca seca pronta pra mordida e a mordida desenhando marcas bem no pescoço, próximo da face.


Depois é um tapa, um após o outro. A contração dos músculos; em posição a libido. O fogo e a brasa. O delírio e o orgasmo.

A música sendo ditada pelo ritmo dos corpos na cama, os gemidos - as trocas de carinho, 

a eterna sinfonia dos amantes.

O vem e vai de almas e corpos desprendendo do âmago (numa violência quase suicida) um líquido que vomita agonia.

Olhos e quadris, prontos para o desejo. 

Beijo e carinho: o sereno... estrelas, a noite, o luar, o brilho da manhã,

o desejo e o orgasmo.

Eu e você. Você e eu. Eu e você. Entrelaçados para sempre. Para sempre unidos. Para sempre sozinhos... para sempre... 

Para sempre com você... eternamente só...

(...)

A descuidista

Por Fabio da Silva Barbosa

Hoje ela chegou com a bolsa cheia de calcinhas. Entrou no armazém e sorriu.
- Olha o que eu trouxe.
Era uma vendedora nata. Sempre sorridente, desconhecia o não. Usava de todos os argumentos. Por fim, quando não fazia a venda, saía com ar desanimado. Mas logo lançava um sorriso da porta e falava alguma coisa engraçada. Talvez tenha usado o último recurso e pelo menos garantia a próxima. Dessa vez ela apostara em um produto cujo público alvo não estava presente. Apenas homens com problemas de relacionamento empinando garrafas de cerveja.
- Estão novinhas, acabei de roubar na…
Ela se definia como descuidista. Um trabalho muito arriscado em todas as suas etapas.
- Dá uma força aí.
Cada palavra era dita de maneira cativante. Realmente uma figura curiosa e simpática.

Vista matinal

Por Fabio da Silva Barbosa

 .
abro a janela
o engarrafamento dá bom dia
é fila do crack, fila do SUS, fila
está tudo na mesma
 .
a poluição tapa o horizonte
a vida morre no monte
tudo sob controle
não se pode dar mole
 .
mentiras para acreditar
vão te golpear
vão te trancar
não querem deixar
 .
tudo normal
tudo igual
tudo banal
mais um dia infernal