Por: Alexandre Mendes
A sala de Seu Sebastião parecia mais um cômodo de filme terror. Diversas cabeças empalhadas de animais enfeitavam as paredes do lugar. A mesa de Seu Sebastião era adornada nas laterais, com desenhos e símbolos desgastados, indecifráveis por causa do tempo. Em cima dela, um telefone preto bem antigo, daqueles que fazem barulho de sirene ao tocar.Um cinzeiro preto de madeira, repleto de bingas de fumo de rolo era usado como peso de papel, no centro a mesa. Uma escarradeira de prata fazia parte da decoração, ao lado direito da cadeira do seu senhor.
Aliás, o que se via no interior do aposento era apenas um velho sentado atrás de uma mesa. Para Alcebíades, a cena representava o capeta sentado em seu trono, no inferno.
- Muito bem, Olivença. Pode deixar o matuto aqui. Vai te embora.
- Sim, sinhô. - Disse o capataz, tirando o chapéu com a mão esquerda, enquanto guardava a arma na cinta com a mão direita.
- Pois bem, Alcebíades. Mandei te trazer aqui, porque quero notícias daquele safado do seu filho. Me diz onde ele está escondido.
- Mas patrão, o sinhô já não tinha posto uma pedra nisso tudo? - Alcebíades argumentou com a cara pálida de medo e o coração batendo forte. - Ele foi embora daqui. Não o vejo há três anos.
- Quê, quê, quê... não se faça de bobo. Olha que eu aplico a punição dele em você! - Disse o fazendeiro puxando um facão escondido embaixo da mesa. O homem cruel apontou a arma na direção do membro murcho do pobre empregado.
- Eu não sei! Te juro, patrão! O sinhô não desistiu de castrar ele e o mandou embora daqui? Ele foi embora, fugiu, nunca mais eu vi!
Seu Sebastião fechou a cara. Seus olhos enrugados, enrugaram-se mais ainda. Sua respiração se tornou ofegante como a de um touro enfurecido. Empurrou a cadeira para trás, com um só movimento pélvico. Ficou de pé. Caminhou na direção de Alcebíades, com passos de lobo faminto. Empunhou a arma no pescoço de Alcebíades e ordenou com uma voz diabólica:
- Abaixa as calças!
Não percam o próximo episódio!
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