O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Robotizados

Robotizados
Por Fabio da Silva Barbosa

te querem conformado
te querem  limitado
para ser manipulado

impõe a rotina
deformam a retina
para não conseguir ver

deturpam o raciocínio
transformam homens em máquinas
programadas para competir

moldam uma peça
outra engrenagem
para a máquina de moer

te querem adestrado
te querem alienado
para ser controlado

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Sangue e areia

Sangue e areia

Por Fabio da Silva Barbosa

O planeta estava em desequilíbrio. Entre as muitas espécies que povoavam o lugar, uma começou a se proliferar de forma descontrolada e impôs um ritmo de vida completamente diferente da natureza que a cercava. O ritmo de vida logo virou ritmo de morte. Os danos estavam crescendo de forma irreparável. Efeitos colaterais surgiam em toda parte. Primeiro vieram as grandes enchentes e logo depois os mares começaram a secar, dando lugar a imensos desertos. Não haviam mais oceanos, rios, praias... e toda forma de vida começou a desaparecer. A humanidade, responsável por tal colapso, se resumiu a um número mínimo antes de desaparecer por completo. 
Um ambiente hostil se formou. As cidades, sem água ou luz, iam aos poucos sendo soterradas pela areia. Alguns grupos resistiram estruturando pequenas comunidades. Estas eram constantemente atacadas por saqueadores que perambulavam pelo deserto em busca de presas fáceis. Alguns homens e mulheres vagavam sozinhos por este cenário apocalíptico. Entre esses estava Rinira.
Ainda pequena, fazia parte de uma comunidade que estava conseguindo se fortalecer, apesar de todas as dificuldades. Após um grande ataque de saqueadores, viu seu povo ser massacrado. Rinira foi vendida como escrava junto a outros sobreviventes. Ainda adolescente, depois de ser violentada de todas as formas possíveis, matou seu senhor e conseguiu fugir. 
Encontrou um grupo de mulheres guerreiras. Foi adotada por elas e sentiu ter novamente uma família. Aprimorou-se na arte da guerra e fez parte do grupo em diversas batalhas, até que foram diminuindo numericamente e se espalhando pelo planeta desolado. 
Encontramos Rinira chegando a uma pequena aldeia durante a madrugada. Deixou o cavalo um pouco antes para entrar sem ser vista. Esgueirando seu corpo magro e coberto por cicatrizes, avançava nas ruas estreitas formadas pelos barracos e cabanas. 
Ouviu vozes cortando a noite. Era um pequeno bar. Contou as poucas pedras que tinha. Escolheu a de menor valor. Aquele lugar miserável não era capaz de oferecer nada que preste para roubar. Pelo menos mataria a sede e a fome. 
Entrou estudando cada canto do estabelecimento. Seis homens. Dois jogavam cartas em uma das duas mesas. A outra estava ocupada por um que dormia pesadamente entre roncos que pareciam rosnados de uma criatura bestial. Dois estavam no balcão e pararam de falar quando ela entrou. O sexto era o dono do lugar e estava atrás do balcão. Todos fixaram seus olhos nela, acompanhando seus passos até o balcão. 
- Tenho fome e sede.
O dono a mediu de cima a baixo ao escutar suas palavras e devolveu com uma pergunta.
- E como pretende pagar? 
Rinira abriu a mão apresentando a pequena pedra. O homem pegou a pedra e olhou em direção da luz que emanava do pavio que estava ilhado no meio do monte de cera.
-É autêntica.
- E como vou saber?
- Você é comerciante. Devia conhecer. – Olhou em volta e pegou a pedra de volta com um rápido movimento. O braço parecia uma cobra dando um bote. – Se não quer, irei procurar outro lugar...
- Mas olha como ela é braba. – Disse um dos dois homens que bebiam encostados no balcão se ponto de frente para ela. – Não irá encontrar outro lugar pelo menos por alguns dias marchando debaixo de sol forte. – Olhou bem para os olhos da guerreira e sorriu, deixando a mostra a gengiva de onde pendiam os últimos dentes podres. -  Existem outras formas de pagar, não é mesmo, Urro. – Falou virando para o homem de trás do balcão.
- Se eu fosse você me deixaria ir.  
- Quem sabe depois de... 
Quando tentou passar a mão por trás do quadril de Rinira para segurar a bunda da guerreira, esta sacou a espada e no mesmo movimento arrancou a mão do homem. O outro que estava bebendo no balcão tentou se mover, mas foi logo golpeado e perdeu a orelha. 
Rinira rodou lentamente olhando para todos. Mandou que se agrupassem em um canto e pegou uma garrafa. Deu um gole. Aprovou o gosto amargo da bebida. 
- E agora, o que faço com vocês?
Urro mostrou as mãos e deu um passo na direção da mulher. 
- Tenha calma. Pode pegar o que quiser. Não iremos fazer nada. Pode nos deixar em paz.
Rinira se aproximou deles. 
- Poderia fazer isso, mas agora é tarde demais. Sair daqui e deixar vocês vivos é logo estarem atrás de mim. Não conseguirei passar de algumas casas. Acho melhor acabar com isso agora.
A espada cortava o ar enquanto as cabeças rolavam pelo chão. 
Sem muita demora, saiu olhando as ruas que continuavam tão vazias e silenciosas como quando chegou. Foi carregando o que conseguia levar. Encontrou seu cavalo onde tinha deixado, montou e continuou a cavalgada pelo deserto. 
Alguns dias depois o animal morrera de sede e cansaço. Acampou e aproveitou o máximo da carne antes de continuar a pé até roubar outra montaria. 

domingo, 29 de dezembro de 2019

Sem querer cair no Vazio

Sem querer cair no Vazio.
Mas o que é o vazio além do cheio de nada?
Por Fabio da Silva Barbosa

Os contrários, muitas vezes, vivem juntos, unidos. Antíteses se enroscando em verdadeiros relacionamentos sexuais. Certas coisas são básicas e podem quase ser chamadas de verdades – mesmo a verdade e a mentira estando, muitas vezes, tão próximas, como quase todas as oposições. 
Nossa condição no mundo, por exemplo:  Ao mesmo tempo em que estamos juntos, sendo parte de um todo, estamos separados. Chegamos ao mundo sozinhos e vamos do mesmo jeito. Mesmo se tivermos irmãos gêmeos, nascemos um de cada vez. O momento do nascimento será único para cada um. Mesmo se morrermos em um grande acidente com várias pessoas, a morte será diferente para cada um. Mesmo se morarmos com outras pessoas, a solidão faz parte e é necessária, assim como os demais seres viventes que nos cercam. Tudo é preciso. Estar só e acompanhado. Tudo tem seu momento.
    Poderíamos também falar sobre o amor que vira ódio e o prazer que vira tortura ou se torna indiferente. O filantropo que assassinou. O bom homem que se envolveu em crimes hediondos ou em atitudes inescrupulosas. Será que ele sempre foi um bom homem ou apenas usava máscaras? Será que estava tudo ali dentro ao mesmo tempo? Quem sabe sobre seus conflitos internos? Tudo habita em nós. A tristeza, a melancolia, a ternura... Será? No momento acredito que sim. 
O louco e o são: Quem determina quem é quem? Os remédios são para curar ou para fazer com que nos comportemos e pensemos iguais? Podem existir ambos os casos. Afinal, um médico moralista está tão habilitado para avaliar a saúde mental quanto um fanático religioso. Por mais que ele tenha estudado, lido, as informações são ferramentas que podem ser utilizadas de acordo com suas convicções, verdades/mentiras, com sua cultura.  
Uma pessoa que se enquadra em uma sociedade como a nossa (egoísta, competitiva, hipócrita...) pode ser considerada saudável? E uma que não se enquadra pode ser considerada doente? Uma pessoa crente que o homem foi feito do barro e a mulher de sua costela pode ser considerada lúcida enquanto a outra que não acredita em histórias fantásticas e folclóricas como esta deve ser considerada...? 
Quem atinge o nível da iluminação, chegando ao nirvana, está mesmo tão distante dos que nada sabem, ou apenas entendeu que é um deles? Só sei que nada sei, mesmo assim estou melhor que os outros, pois pelo menos disso eu sei. É possível estar melhor, ou apenas estão em situações/estados diferentes? Como se mede esse tal de melhor ou pior? Quem conhece de verdade e quem desconhece? Quem sabe? E indo mais longe: Quem determina quem sabe? O conhecimento virou um status, a formação de uma elite? Estamos novamente diante de um contraste?     
E estas supostas contradições: Seriam naturais, frutos do ser humano e suas peculiaridades? Resultado do adestramento que recebemos desde a infância e que não condiz com a realidade, com a natureza? Não é tão inviável este questionamento, já que o próprio conceito de realidade se torna duvidoso em nossa sociedade. O que é a realidade? Estudar, trabalhar, casar, ter filhos , envelhecer em frente a tv, se entupir de transgênicos, pagar plano de saúde, adoecer e morrer? Não me parece razoável. 
     

sábado, 28 de dezembro de 2019

Sensitivo

Sensitivo
Por Fabio da Silva Barbosa

vidas simples 
passando despercebidas
esmagadas pelo cotidiano
totalmente invisíveis

agindo como máquinas
em uma terrível zona de conforto
todos bem ajustados
bando de acomodados

tudo que tenho é um nome
que rabisco pelos muros sem cor
rasgando o silêncio
com o barulho que for

o normal me entedia
a rotina me cansa
só resta caçar 
algum prazer bizarro para relaxar

o estranho geralmente satisfaz
sem se preocupar com o horário
agora é tarde
tanto faz

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Sistema Castigo/Repressão

Sistema Castigo/Repressão
Por Fabio da Silva Barbosa

De cara pra parede
Se você questiona

De cara pra parede
Se você não aceita

De cara pra parede
Se você não acredita

De cara pra parede
Se você é esquisita

De cara pra parede
Se não está contente

De cara pra parede
Se não tem patente

De cara pra parede
Se não é bonzinho

De cara pra parede
Se prefere o pecado e o vinho

De cara pra parede
Se insiste em pensar

De cara pra parede
Se não quiser casar

De cara pra parede
Se está de madrugada

De cara pra parede
Se não compete pela vaga

De cara pra parede
Se você não consome

De cara pra parede
Se você tem fome

De cara pra parede

De cara pra parede

De cara pra parede

As garras te pegam pelas costas

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Sobre isso tudo e mais um pouco

Sobre isso tudo e mais um pouco 
Fabio da Silva Barbosa

pensando em ir pra frente
retrocedia

achando libertar
novos muros subia

de tanto organizar
não agia

racionalizava tanto
diante da tela fria

tanta falação
que apatia

novas nomenclaturas 
velhas manias

falta tesão
sobra melancolia

um pólo e outro
se alimenta

tão diferentes
que dão na mesma

mais um partido
só engana

se apegando a nova verdade
se tapeava

tudo virando certeza
estagnada

ninguém vira a mesa
mas que manada

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Sofistas, Dialéticas, Retóricas e Idiossincrasias

Sofistas, Dialéticas, Retóricas e Idiossincrasias
Por Fabio da Silva Barbosa

Sempre rolam aquelas coisas estranhas a nossa volta e a gente fica assim... viajando... pensando se quilo aconteceu mesmo ou é fruto de nossa imaginação. Fatos que por alguma razão nos causam estranheza ou de alguma forma nos chamam a atenção. Conversas pitorescas, diálogos que pegamos de passada e nos colhem de surpresa. Tudo muito gracioso e fugaz.

.........................

Ele se aproximou, coçou a barba suja e lançou:
- Me arruma um troco.?
O outro respondeu sem jeito:
- Não tenho.
- Tudo bem.
Quando ele se afastou ainda coçando a barba, o outro disse:
- Boa Sorte.
Ele olhou de volta murmurando:
- Não acredito nisso.

.........................

O pai sacode o filho:
- Vamos lá, rapaz, acorda. Tá na hora de trabalhar.
O filho tira a cabeça debaixo do cobertor e solta o lamento
- Não consigo.

.........................

- Eu acho!
- Eu não!
- Mas você está errado!!
- Posso discordar?

.........................

- Sonhei com você outra noite.
- E como foi o sonho?
- É que na verdade sempre penso em você.
- É mesmo? Pensa? 
- É que na verdade... Deixa pra lá...
- Vai... Diz...
- Não... Deixa...
- Começou, tem de acabar.
- Quer mesmo saber???
- Claro... Ué....
- É que já toquei várias punhetas pensando em você. 
- ...

.........................

- Vou parar de beber e fumar
- Por que vai fazer uma merda dessas? 

.........................

- É isso! Tô dizendo!
- Vou ficar numa saudável dúvida.

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- Você não pode continuar assim... Tem de dar um jeito nisso.... Tá parecendo mais velha que eu.
- Não tem mais jeito. 
- Mas assim você vai morrer...
- Todo mundo vai.
- Eu sei... O que tô dizendo é que, desse jeito, talvez seja a última vez que esteja te vendo com vida. Você está destruída, tá doente, tá morrendo.
- Eu sei... Mas não tem saída. Vai ser assim.
- Então tá bem. Pelo menos me dá um abraço, pois este pode ser o último abraço que consiga lhe dar em vida.
Os dois se abraçaram na chuva.

.........................

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Te olham como... Te olham?


Te olham como... Te olham?
Por Fabio da Silva Barbosa

Pegaram o jovem
Vestiram a farda e ensinaram o hino
Estava pronto para matar
Estava pronto para morrer

Pegaram o garoto
Propagandas e lavagem cerebral
Visão e discurso superficial
Estão formando mais um adulto boçal

Pregaram a menina
Bem no alto daquela cruz
É até difícil crer
Quem dirá entender

Agora o homem é julgado
Pelos senhores da moral
Usando leis retrógradas
Protegendo o banal

Chegou a vez da mulher
Condenada ao nascer
Com dificuldade conseguiu crescer
Para o sacrifício de viver 

domingo, 22 de dezembro de 2019

Revolucionando me

Por wagner nyhyhwh

Após uma sangrenta revolucão
Enfim
Livre
Libertei me de mim
Tudo passou a ser tão fascinante
Pude me dedicar ao antigo sonho
Escalar paredes
Mas quando comecei 
O susto
Não havia parede
Então caí pra frente
O chão me abraçou
Tão gostoso
Que decidi ali ficar
Comecei a rastejar e me esfregar no solo
Pensei então
Em rastejar até dar a volta ao mundo e retornar ao ponto de origem
Entraria pro guiness
Iniciei a jornada
Então percebi
Antes de dar a primeira rastejada
Que já havia concluído a missão
Já estava de volta à origem
Me senti
sábio forte experiente
Absorvera o conhecimento de tantas nações
Agora sim estava pronto
Pra me implodir
E me bigbangear
Eu em expansão
Renascendo a cada dia

domingo, 15 de dezembro de 2019

Correntes a tilintar


Por Fabio da Silva Barbosa

Nasci naquele morro
Onde os barulhos de tiros são canções de ninar
O terror algo corriqueiro
Estamos entre os de lá e os de cá

Não tínhamos água ou luz
O esgoto corria solto
Insetos e ratos já não assustavam
Nossas pernas feridas corriam pelo campinho

Fomos crescendo e dando um jeito
Puxamos fios e canos
Já não precisávamos dos galões ou temíamos a noite
Os barracos cresciam ao redor

Nascemos na contravenção
Da informalidade veio nosso pão
Mas os de lá não podiam permitir nossa sobrevivência
Tinham uniformes para nos matar

Já era um homem muito velho
Que aprendeu a resistir naquele lugar
Quando vieram as máquinas oficiais
Dizendo que nossos barracos iam derrubar

Olhei pros meus filhos revoltados
Meus netos muito assustados
Os olhos enchendo d’água
Estava apanhando de um soldado

A nunca borboleta


Por Fabio da Silva Barbosa

Ela estava dormindo sentada
Encostada  no muro
As pernas torcidas
As mãos negras
O cachimbo na mão
O corpo desmanchando
A bela lagarta
Apodrecendo em seu casulo

ela estava dormindo sentada
encostada  no muro
as pernas torcidas
as mãos negras
o cachimbo na mão
o corpo desmanchando
a bela lagarta
apodrecendo em seu casulo

ela estava dormindo sentada
encostada  no muro
as pernas torcidas
as mãos negras
o cachimbo na mão
o corpo desmanchando
a bela lagarta
apodrecendo em seu casulo

ela estava dormindo sentada
encostada  no muro
as pernas torcidas
as mãos negras
o cachimbo na mão
o corpo desmanchando
a bela lagarta
apodrecendo em seu casulo

ela estava dormindo sentada
encostada  no muro
as pernas torcidas
as mãos negras
o cachimbo na mão
o corpo desmanchando
a bela lagarta
apodrecendo em seu casulo

ela estava dormindo sentada
encostada  no muro
as pernas torcidas
as mãos negras
o cachimbo na mão
o corpo desmanchando
a bela lagarta
apodrecendo em seu casulo




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