O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

terça-feira, 10 de maio de 2016

Andarilhos

Por Fabio da Silva Barbosa

carregando a mochila
encarou o mundo

parou
olhou

não fazia a menor ideia
para onde ia

só foi
foi só

de dia observava as pessoas
de noite contava as estrelas

sentiu frio
sentiu fome

não se rendeu ao drama
a proposta era essa

se fortaleceu
aprendeu

fez do veneno a vitamina
da dor a morfina

por vezes ainda nos encontramos
nesses caminhos incertos

A Dança

Por Fabio da Silva Barbosa

O candidato da direita e o da esquerda se encontraram para um jantar a luz de velas.
D: Como vai, excelentíssimo colega?
E: Meio aborrecido com a situação.
D: Mas as coisas sempre foram assim. Só muda um pouco a camuflagem.
E: Para você é fácil falar. Tá bom para você. Daí pode ficar na zona de conforto.
D: Não seja radical.
E: Não sou. Sou pelo povo.
D: Eu também.
E: Defina povo.
D: A população do nosso amado país. Nós também fazemos parte do povo. Os empresários, os latifundiários…
E: Serei mais específico então. Sou pelo povo pobre.
D: E pelos seus financiadores de campanha.
E: O que está insinuando?
D: Apenas dizendo.
E: Caranguejo não tem pescoço!
D: A lua está redonda como um tamanco.
E: Jacaré não mergulha na água porque tem medo de mosquito!
Nesse momento um olha fixamente para os olhos do outro e o outro para os olhos do um. Começa a tocar um tango bem pegado. Ambos se levantam. Dão a volta na mesa até ficarem bem próximos.
E: Pode ter algum jornalista… Vão nos fotografar…
D: A imprensa é nossa
Se abraçam e saem bailando aos beijos pelo salão enquanto os cifrões caem dos bolsos mais que cheios.  

Caveiras

Por Fabio da Silva Barbosa

uma caveira garimpando vida
não tem mais olhos, ódio, amor ou coração
faz parte dessa ciranda macabra
não reconhece mais o irmão

são duas caveiras procurando sentimentos
perdendo muito por muito pouco
quanto mais perto mais distantes
não conseguem dar as mãos

são três caveiras despossuídas
passando fome ou comendo bois
algumas em estado de putrefação
outras já nem apodrecem mais

são muitas caveiras perdidas nesse labirinto
flutuando a esmo sem perceber
sem conseguir ou entender
são vencidas ao vencer

Violência

Por Fabio da Silva Barbosa

Este foi decapitado
Aquele esquartejado
O outro queimado
Ela espancada

Quantas formas de morrer
nesse absurdo humano
Quantas formas de matar
nesse maldito lugar

Levou três tiros nas costas
no auto de resistência
É bala perdida achando corpos
para perfurar

Quanta insanidade e demência
na sociedade tosca
Quanta irracionalidade e horror
nessas mentes doentes

No IML mais um indigente
acaba de chegar
O ódio impera no mundo desumano
para nos cegar

Teve a cabeça aberta
após surra de pau
Estava com as vísceras expostas
no meio do matagal

Com o rosto retalhado
deu o último suspiro
Com o tórax esmagado
foi jogado ao mar

Mais um cadáver no lixão
Encontramos algo em decomposição
Morreu para não matar
Morreu para salvar o celular

Lavagem cerebral
Homicídio, latrocínio
Grupo de extermínio
Mentalidade suicida

Quantas formas de morrer
nesse absurdo humano
Quantas formas de matar
nesse maldito lugar

Protesto

Por Fabio da Silva Barbosa

povo na rua
gritando por direitos
chega a repressão
tiro e porrada
bomba gás
bala de borracha
sangue na calçada
cassetete na carcaça
algemas e prisões
abusos e empurrões
mas não vamos recuar
nem da luta desistir
o caminho é resistir
ficar com medo é pior
amanhã vai ser maior

guerras

Por Fabio da Silva Barbosa

guerras por toda parte
de todo tipo
extermínio em massa
violência e invasões
explosões
violações
o som da destruição
o cheiro da podridão
e a indústria bélica segue lucrando
corpos empilhando
matando a vida
exterminados exterminando
desespero
horror
não tem para onde ir
não adianta correr
não adianta chorar
sofrimento
vão morrer
vão matar

O problema não é usar as novas tecnologias O problema é se tornar um escravo digital

Por Fabio da Silva Barbosa

escravo digital
só sabe teclar
só sabe clicar
deixa o mundo real
pela fantasia digital
cada dia mais frio
cada dia mais banal
só relacionamentos inexistentes
só contato sem contato
amizade sem amigos
curtir sem sentir
sexo artificial
o vazio absoluto
o preencherá
como qualquer outro vício
este te destruirá