O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

domingo, 31 de março de 2013

"The Freak Picture"

"The Freak Picture" nanquim n° 04 F/A4 (edição de cores CDW 12) . 
     As anomalias da mente transfiguradas. "Quando nada permanece oculto..." 

Veja este e outros insanos na minha FAn-page: facebook.com/davidbeatzines

segunda-feira, 4 de março de 2013

O intruso ( Parte I )


  O trânsito era lento na avenida e dava para observar tranquilamente as gramas da ilha balançando. Dentro daquele homem existia mais do que um homem voltando de mais uma entrevista de emprego, ele abrigava centenas de ideias intrusas,  amores forçados e nojos encubados. 
    Chegando em casa notou que ninguém aguardava seu retorno, caiu em si. Sentiu-se um enorme transtorno.  A Paz  para ele agora  encontrava-se em lugares ou em recantos só dela sabidos. Olhava para as ruas e as pessoas tinham fugido, e fingiam que era apenas pressa. O intruso era ele, e não se mostrava intimidado por atirar-se no desconhecido. Ele tentou ser desejável por um tempo, agora ele quer apenas passar a vida antes que ela passe por ele como um carro de corridas passando os outros para trás.
    Decidido a fazer tudo diferente os sofrimentos inerentes as mudanças começaram a surgir. Mudar é de certa forma anular algo que existe em si. O intruso já não sentia falta da manhã nebulosa com cheiro de pão fresco e café com adoçante. Agora ele sentia o leve peso do seu corpo flutuar sobre a existência ( que segundo ele já não fazia sentido). Acendeu um cigarro como se sua alma fosse sair pela boca. O que incomodou bastante sua mulher

  - Já vai começar com mais uma mania nojenta e insuportável  Felipe? Um vicio para a idiota da sua mulher sustentar, né?Joga fora esse cigarro e vá lavar as mãos, as crianças estão chegando.

   Como lhe era agoniante aquela mulher lembrando que ele não tinha condições de sustentar um vicio. Que ele não passava de um intruso naquela casa. Um broxa, um incompetente.  Havia falhado na missão de ser marido, e ao observar a mesa posta, os netos chegando, os filhos com cara de empregados perante suas esposas, e as esposas com cara de poucos amigos concluiu que a vida tranquila escondia tanta bagunça. A vida familiar era como uma casa aparentemente arrumada, mas  em uma casa sempre existe uma gaveta onde se esconde as bagunças

 - Vão se ferrar todos vocês, vocês são monstros,  e ao mesmo tempo babacas. Isso aqui, essa família não passa de uma farsa. Eu vou embora!
   E desse modo Felipe interrompeu o almoço de domingo, jogando talheres ao chão enquanto os filhos tentavam segura-lo a força.
    Sentiu uma pancada na cabeça e acordou amarrado dentro de uma ambulância, queria muito perguntar para onde ele estava sendo levado, mas a mordaça o impedia.
    Um tipo de medo pairava o olhar do enfermeiro que o acompanhava nessa bizarra procissão até o Centro Espirita de Saúde Mental, onde ele passaria um longo mês por indicação de sua esposa e filhos, que disseram aos especialistas que se tratava de ‘‘ mudança de personalidade e agressividade’’