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domingo, 30 de abril de 2017

Memórias de um operário XIV

Por: Alexandre Mendes
  
Quando completei quinze anos, minha mãe conseguiu arrumar um emprego para mim, em uma concessionária.  O cargo era de Auxiliar de Oficina.

O trabalho consistia no transporte das peças de automóveis, do estoque para os setores de oficina, lanternagem e pintura. Adélio era o vendedor interno, isto é, aquele que requisita a peça para o conserto do automóvel, em uma Ordem de Serviço. Ele era o encarregado do meu serviço. Requisitava as peças, enquanto eu as transportava. 

Aprendi com o tempo o serviço de vendedor interno, mas confesso que decorar a numeração das peças, que não param de ser inventadas, é bem difícil.

Fato curioso era o ritual de iniciação que os mecânicos, pintores e lanterneiros do estabelecimento impunham aos novatos. 

Jorjão, o chefe da lanternagem (que ficava no quarto andar) havia me pedido que buscasse no estoque (Primeiro andar), uma chave de desempenar “para-brisa”. E lá fui eu, pedir a tal chave no estoque. O estoquista riu e me deu uma caixa enorme com um cabeçote de motor, amarrado em um carrinho de duas rodas.  Sai puxando aquela peça enorme pela rampa, até o quarto andar, sem saber que estavam me sacaneando.

Quando cheguei lá, Jorjão disse que aquela era a chave errada. Desci, então, com aquele peso, feito um babaca. Esse tipo de sacanagem era comum naquele serviço. Colocávamos bigode de pasta de dente, em quem descansava do almoço e água de bateria nos assentos da oficina. Quando o camarada sentia a ardência na bunda, a calça já estava furada.

Áreas de trabalho espaçosas e com grande contingente de empregados, como canteiros de obra e oficinas daquele porte, lembram uma cadeia. Não podia esquecer nada fora do armário, senão sumia.

De vez em quando auxiliava os mecânicos e acabei aprendendo a fazer as primeiras revisões dos carros (Troca de filtro de óleo, de filtro de ar etc.).

Foi também, com os mesmos mecânicos que aprendi a beber cachaça no boteco, durante a hora do almoço...

Fiquei naquele batente, por um ano e dois meses. Aos dezesseis anos, fui mandado embora do tal serviço. Foi aí, então, que minha mãe me arrumou outro serviço, como Auxiliar de Estoquista, em uma concessionária de automóveis, em São Gonçalo.



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