O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

domingo, 30 de abril de 2017

Memórias de um operário XI

Por: Alexandre Mendes


    Após me desligar da lanchonete, encontrei-me com a cliente que me propôs o emprego de gerente, na loja de decoração.

   Concordei com o salário proposto, pois era bem mais do que eu ganhava na chapa. A vontade de executar outro tipo de tarefa, para obter a minha renda, era muito forte.

   Tive que comprar camisas de botão e calças sociais. O cargo exigia uma boa aparência para atender o público. A barba deveria estar sempre bem feita.

  A infinidade de tecidos e preços me deixava louco. Tentava decorar aqueles números. Mas a responsabilidade estava um pouco além, disso...

 Fiquei responsável pela intermediação entre a dona da loja e os funcionários. Não conseguia entender porque, a princípio, os vendedores não falavam comigo direito. Pareciam estar furiosos com a dona da loja.

Acabei fazendo amizade com o auxiliar de serviços gerais. Ele me contou, então, que os funcionários não recebiam seus salários, já fazia três meses. Confesso que o fato me deixou chocado.

Certa vez, uma das costureiras me pediu um vale, alegando que precisava comprar fraldas para a sua neta. Fui até o escritório e passei o pedido da costureira para a dona.

Foi muito difícil para mim, dizer a pobre costureira que não tinha dinheiro no caixa e que, portanto, só poderia lhe dar o vale, quando entrasse grana.

Comecei a achar que a dona da loja era uma vigarista. Enchia a cara, o dia todo, trancada no escritório. Ela havia me dado uma procuração, para que eu pudesse tomar a frente na negociação das contas atrasadas da loja.

Aguentei o trampo apenas por um mês e meio. A essa altura, o meu pagamento já estava atrasado, junto com os salários dos outros funcionários.

Discuti com a mulher. Acusei-a de ter me convidado para uma furada e exigi que me pagasse logo.

Uma semana depois, ela depositou o dinheiro na minha conta.

Pronto. Estava livre e desempregado, novamente.

O dinheiro que sobrou, após pagar algumas contas, eu investi em blusas de rock, compradas em Petrópolis.


 Voltei, então, para as ruas.  

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