Por: Alexandre Mendes
Já estava de
saco cheio de trabalhar na entrega da lanchonete. O que mais me
aborrecia era que todos os funcionários efetivados no estabelecimento, queriam
mandar nos entregadores. Nós éramos membros de uma cooperativa e não tínhamos
carteira assinada. Qualquer vacilo, até logo! Muito inseguro...
Como sou um cara bem
comunicativo, conheci o gerente de uma lanchonete da zona sul de Niterói. O
cara pegava o ônibus comigo, no ponto da Roberto Silveira, na volta do
trabalho.
Um dia, Juarez me disse
que abririam uma nova lanchonete, em Itaipú e, me perguntou se eu gostaria de
trabalhar, no tal estabelecimento.
- Claro que sim. –
Respondi.
Apresentei-me, com os
meus documentos na lanchonete, aonde Juarez era gerente. Disseram-me,
o dia em que eu deveria me apresentar para o treinamento.
Tinha que arrumar uma
desculpa para ser dispensado da entrega, antes do dia de apresentação no
emprego novo. Esperei o momento certo, isto é, um dia antes da apresentação.
Havia um
outro subgerente, que era insuportável. Metido a dar esporro, nenhum
de nós, entregadores, gostávamos dele.
Fui fazer uma entrega e
quando voltei para a lanchonete, já era meia noite. As portas já estavam
cerradas. Cheguei recolhendo minha bicicleta no depósito. Hora de ir embora.
- Leva essa entrega,
aqui! – Disse o subgerente, arrogante como sempre.
- Não! Já deu a minha
hora! Vocês vão me pagar hora extra?
- Guarda a bicicleta e
não vem trabalhar, amanhã. Liga umas dez horas, pra ver o quê a gente resolve,
aqui, sobre o seu destino. – Disse ele.
- Então vou fazer melhor:
Vou largar a bicicleta, aqui mesmo, e não volto nunca mais.
O subgerente ficou meio
desajeitado e disse:
- Então, tchau!
Apresentei-me no dia
seguinte no emprego novo. O dono decidiu que eu seria o chapeiro.
E foi assim que assinei a
minha carteira novamente, depois de longos anos sem contribuir para o nosso
falido INSS.
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