Por: Alexandre Mendes
Ainda lembro bem da primeira batalha que encarei
nesta vida. Foi em uma loja de presentes e artefatos decorativos, aos treze
anos de idade. Minha função era simples, mas bastante cansativa. Carregar e
descarregar caixas de pratos, talheres, quadros, abajur etc. As vidraças eram
lustradas, todos os dias. Varria a loja, tirava a poeira do estoque. Mas eu
ainda era fisicamente fraco, apenas um moleque.
Certa vez, fui encarregado de levar duas caixas,
repletas de pratos e talheres, até o carro de uma cliente. O carro estava
estacionado na outra quadra. Não aguentei o peso da mercadoria e encostei as
caixas em uma árvore da calçada, no meio do caminho. Pedi desculpas a moça, que
acabou compreendendo a situação, resolvendo me ajudar.
Cumpri a promessa de que quando eu recebesse o meu
primeiro salário, compraria um tênis de couro, pois aquilo era uma novidade. Eu
nunca tinha tido um, pois era muito caro e a maioria dos tênis era de marca
importada. Usava tênis de lona, tipo All Star, cano longo ou cano curto. Acabei
comprando um Le Chevall branco, cano longo, de napa. Caramba! Como eu furei
festinha de quinze anos, com aquele tênis!
Mas a minha carreira naquele serviço foi curta e,
antes de completar quatorze anos, eu já estava fora.
Fiquei um ano parado, apenas tentando concluir os
meus estudos. Ah! Tempo bom que eu tinha mãe! Trabalhava só para comprar meus
discos de rock e me divertir!
Quando completei quinze anos, minha mãe me arrumou
um trabalho, através de uma conhecida. Tornei-me, então, Auxiliar de
Oficina, em uma concessionária de automóveis, no Bairro Santa Rosa.
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