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domingo, 30 de abril de 2017

Acaso

Por Alexandre Mendes


Não estava mais sentindo o chicote estalando em suas costas. Já faziam dois dias que estava amarrado naquela posição.

A dormência, provocada pelo cansaço, substituiu a sua dor.

 - Cinquenta e quatro, cinquenta e cinco, cinq... - Contava em voz alta, o seu senhor.

 - Chiuaf! Chiuaf! - Silvava a vara nas costas do cativo.

 - Ocê num se meti a besta, nunca mais! - Dizia o carrasco, enquanto transpirava de cansaço.

 - Setenta e um, setenta e dois, set... - Lembrou-se da Gâmbia, sua terra natal. Como deveriam estar seus pais? Como deveriam estar todos em sua tribo?

 - Oitenta e três, oitenta e quatro, oit... - Seu senhor contava, enquanto montava no cavalo.

Mama, mimi...nina... nyuma! Mama,...mimi...nina...nyuma! - Arquejou o jovem escravo.

  Abriu os olhos e viu novamente a sua tribo, formada por todos aqueles que se foram, devido a ganância e a ignorância do homem branco. 
  Foi, então, que o seu senhor bateu as esporas no cavalo e sumiu no horizonte, vivendo o resto de sua vida feliz para sempre.


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