Por: Alexandre Mendes
Apesar de tudo, eu ainda
tinha amigos. Churros era meu camaradão, desde os tempos de moleque. Sua mãe
(não lembro seu nome) me deu um papel com o endereço de uma cooperativa de
serviços de entrega, e pediu que eu me apresentasse lá, na segunda feira de manhã.
Segunda feira, pela
manhã: Me apresentei na Lapa, próximo aos arcos, como indicava o endereço. O
prédio era velho e se amontoava com outros prédios, mais velhos ainda, ao
redor.
Subi de elevador até o décimo segundo andar e me apresentei na recepção. O cara que me atendeu, viu meus documentos e me perguntou se eu era primo do Mendes. Não pensei duas vezes e disse que sim. O rapaz pegou o rádio, um daqueles Motorolas antigos, gigantes, e comunicou-se com algumas lojas e disse:
- Começa terça feira, cinco da tarde, lanchonete, Rua Gavião Peixoto.
E eu pensando: - Putz! Que sorte, ter um cara com o meu sobrenome na parada. Na verdade, eu nem sabia quem era.
Subi de elevador até o décimo segundo andar e me apresentei na recepção. O cara que me atendeu, viu meus documentos e me perguntou se eu era primo do Mendes. Não pensei duas vezes e disse que sim. O rapaz pegou o rádio, um daqueles Motorolas antigos, gigantes, e comunicou-se com algumas lojas e disse:
- Começa terça feira, cinco da tarde, lanchonete, Rua Gavião Peixoto.
E eu pensando: - Putz! Que sorte, ter um cara com o meu sobrenome na parada. Na verdade, eu nem sabia quem era.
Comecei, então, a trabalhar no serviço de entrega da lanchonete. Me deram um uniforme e uma bicicleta Terraforte. Tinha que cuidar do veículo por conta própria e, o trampo, também não dava o dinheiro da passagem.No entanto, dava para arrumar um bom trocado, com as gorjetas dos fregueses. Quanto mais rápido eu pedalava, mais eu ganhava.
Foi aí, que meu último
filho veio a nascer fora da data, aos oito meses, e eu não tive como
comparecer no serviço. Liguei para a loja e avisei que não iria comparecer,
pois estava levando minha esposa para o hospital. O subgerente
atendeu o telefone e disse que estava tudo bem.
No dia seguinte, após uma
estafante manhã comprando os apetrechos do bebê, me dirigi ao trabalho,
chegando as cinco da tarde, como era de costume.
De repente, uma surpresa:
Tinha outro entregador no meu lugar.
Falei com o gerente, que
era o único responsável naquele momento. Ele me disse que não podia fazer nada.
Fui para casa e tive uma
noite triste. Acordei de manhã e fui visitar minha esposa e Davi, meu caçula,
no hospital . Estava com o semblante muito triste. Confesso que esse momento
foi um dos piores da minha vida, pois foi o meu primeiro emprego, depois de
trabalhar em diversos bicos, por quatro anos seguidos.
Liguei para a loja, após
a visita. O subgerente atendeu e exigiu que eu voltasse, imediatamente. – Não!
Vem trabalhar normal que eu vou resolver isso, agora!
E essas são duas pessoas
que eu sou eternamente agradecido, a mãe do meu amigo, Churros e o subgerente
da tal lanchonete.
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