Por: Alexandre
Mendes
Comecei a trabalhar cedo, a pedido de minha mãe.
Não entendia porque ela insistia tanto nisso. Mais tarde, quando descobri que o
câncer a consumia, passei a levar a coisa mais a sério. Ela queria que eu me
fizesse homem adulto, o mais rápido possível. Sabia que eu teria que me virar
sozinho, quando ela morresse. Achava que nenhum dos meus tios ou pai me
ajudaria. Mais tarde, essa certeza que ela carregava se concretizou...
Desvendei o mistério sobre a sua magreza e comecei
a correr atrás de trabalho, aos dezessete anos de idade.
Sai de casa e fui morar com a minha atual esposa,
em um pequeno cortiço no Bairro Arsenal, São Gonçalo.
Consegui, através dos classificados, um trabalho de
vendedor de pastel com refresco, em lojas de automóveis e comércios em geral,
no Centro de Niterói.
A firma era dentro de uma casa, onde moravam duas
senhoras.
O pastel era feito por elas, que se revezavam no
gerenciamento, e mais três empregadas. Uma cozinheira e duas auxiliares, para a
produção dos pastéis. O refresco era posto em garrafas térmicas de cinco
litros, as quais eram amarradas pelo vendedor no guidom de uma bicicleta. O
pastel era armazenado em bandejas de madeira, forradas com isopor e papel
metálico. As bandejas tinham que ser amarradas no carona da bicicleta.
Circulava, habitualmente, pelas mesmas ruas.
Meu público alvo, os funcionários dos comércios,
faziam contas semanais, quinzenais e mensais.
Pilotava o “camelinho” junto ao trânsito,
disputando as laterais das ruas, com motos e automóveis.
Nem sempre, os clientes quitavam os seus débitos e
o fiado aumentava no caderninho, consideravelmente. Teve caso de gente morrer
me devendo.
Um belo dia, eu me cansei de trabalhar para as duas
mulheres e montei o meu próprio negócio. Comprei um recipiente de plástico e
uma garrafa térmica de cinco litros e passei a vender sanduíche, nos antigos
pontos.
Entretanto, eu não sabia que, um ano depois, eu
acabaria voltando a trabalhar para as senhoras do pastel...
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