Por: Diego El Khouri
o universo é lindo
trás as cores do abismo
abismo-infinito
tão ríspido, insípido
como gotas de cinismo
numa clara manhã
de precipício.
O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
sábado, 22 de setembro de 2018
Brasa mórbida
Por Fabio da Silva Barbosa
Assisti seu corpo caindo de cara no chão
Vi sua mente dilacerada
sem reconhecer o irmão
O frio bate forte
nessa cidade triste
sem espaço para mim ou você
Percebi quando mataram aquele pequeno bebê por ser um
índio
Fechei os olhos para não ver o espancamento do pedinte
Tentei me enquadrar, mas o cheiro de sangue não permitia
Não consegui absorver
a crueldade
do bem sucedido
Não quero participar de mais este linchamento
Não quero me preencher com todo excremento
Não posso ser mais um isento
Assisti aquela menina
se deteriorar em todo caos
enquanto ordinários assinavam novas leis
O garoto dorme novamente com fome
O homem vira fera
pior que o lobisomem
As flores estão murchas
e as frutas podres
como todas estas mentes torpes
As pessoas agem como se estivesse tudo certo
A ignorância é o passe para o cidadão de bem
Seja parte e se torne um inseto
Que os insetos me perdoem
Cercados pela desgraça
Por Fabio da Silva Barbosa
Você volta tão frágil
da clínica de
reabilitação
É tanta tristeza em seus olhos
na face a dor da solidão
Não há remédio que cure
tanta desilusão
Não há mente que suporte
esse mar de frustração
E o corpo implode
diante de tanta punição
Expressões contorcidas
demonstram o caminho percorrido até então
É mais que desgosto
dessa flagelação
Só nos resta sentar juntos
e fazer destas lágrimas o nosso pão
Se não tem como te proteger
que soframos juntos então
Dança Urbana
Por Fabio da Silva Barbosa
Foi só o sinal ficar verde, liberando a passagem dos
carros, que ele se pôs a caminhar no meio da rua. Deu um salto da calçada,
caindo já andando pelo asfalto. Se inclinou para frente deixando passar um
carro e retrocedeu dois passos para não ser atingido por outro. Os veículos
passavam em alta velocidade. Rodopiando entre os automóveis que vinham
acelerados, chegou ao outro lado.
Um pedestre que assistia a cena, falou em tom de
brincadeira:
- Quase amassou o carro dos outros, rapaz.
Ele olhou satisfeito e deu um sorriso:
- Sempre faço essa dancinha. Você tem de ver no
cruzamento da avenida. Dou um show.
Eu, Princesa e Papai
Por Fabio da Silva Barbosa
Todo
dia venho vê Princesa. Ela tá sempre ali esperando. Conheço bem aquelas patinha pro alto.
Um
dia, tinha uns menino jogando pedra pra vê se a barriga dela explodia. Fiquei
braba e botei todo mundo pra corrê. Se eu pego, arrebento.
Já
chega o que ela sofreu lá em casa. Papai disse que ela pegô ziquezira. No fim,
ela já nem andava mais.
Um
dia, Papai pensô que eu tava dormindo e foi pro quintal. Esperei um poco e fui
atrás. Ele tava com um saco na cabeça da Princesa e apertava o pescoço dela.
Ela só tremia a perninha. Voltei pra cama assustada.
Por
que Papai tava fazendo isso com ela?
No
dia seguinte ele me acordô cedo pro colégio. Tava com cara triste. Corri pro
quintal, onde Princesa costumava ficá. Ela
não tava.
-
O que aconteceu com Princesa?
-
Não sei, minha filha. Acho que fugiu.
Papai
respondeu de cabeça baixa. Acho que desde que mamãe foi embora de casa ele não
ficô tão triste. Ele também gostava muito da Princesa. Ela sempre esperava ele
chegá do trabalho. Quando via ele vindo na estradinha, ia correndo pulá na
perna dele, sujando a calça de barro. Papai gostava daquela festa. Eu vinha
logo atrás e pulava nele, agarrando no pescoço. Papai era forte e guentava nós
duas fazendo festa.
-
Mas ela tava doente que não conseguia nem andá.
-
Deve tê melhorado e fugiu no meio da noite. Vamo logo pra você não chegá
atrasada.
Ele
me deu a mão e fomo em silêncio pela estradinha. Chegamo na pista e atravessamo
a primera parte dela. Tinha um rio que separava a primera parte da segunda. De
cada lado o carro ia numa direção diferente. Vi que Papai acelerô o passo e
resmungô alguma coisa quando passamo pela ponte. Acho que era pra prestá
atenção na aula e voltá direto pra casa sem ficá me distraindo pelo caminho.
Na
volta, pulava pela ponte olhando as coisa que passava boiando por baixo, como
fazia sempre. Mas, dessa vez, quando olhei pro rio, vi as patinha dela pro
alto. Era princesa. Eu tinha certeza.
Naquele
dia papai voltô bêbado pra casa. Não conseguiu acordá cedo pra me levá pro
colégio. Levantei atrasada e fui correndo.
Ela ainda tava lá.
A
cada dia que passava, a barriga dela tava mais inchada. Devia tá bebendo muita
água. Um dia gritei pra ela se virá.
-
Virá a cabeça um poco pra fora dágua.
Ela
nem se mexia. Ficava lá, com as patinha pro alto. De vez em quando parecia que
eu via a patinha dela tremê, igual naquele dia que Papai apertô o pescoço
dela.
Papai
nunca mais foi do memo jeito. Ficô pió de quando mamãe sumiu junto do vizinho.
Ele nunca mais me levô pro colégio e todo dia chegava tarde e bêbado.
Pelo
menos eu ficava ali olhando Princesa. Cuidando dela de longe. Se a água do rio
não fosse tão suja, eu decia lá pra pegá ela. Fazê um carinho naquela
barriguinha inchada dela. Mas só o chero daquela água fazia mudá de ideia. Podia
pegá ziquezira e depois Papai ia tê de apertá meu pescoço tamém.
Um
dia a chuva veio forte. A água do rio tinha subido e levava tudo pela frente.
Olhei de cima da ponte e não vi as patinha pro alto, nem a barriga inchada.
Tinha uma cadera ali perto que também não tava mais. Era tudo água e coisa
passando rápido.
Dois
dia depois a água já tinha voltado ao normal, mas Princesa tinha ido embora.
Cansô de ficá ali bebendo água, de perna pra cima.
Cheguei
em casa e Papai tava dormindo. Não tinha ido trabalhá. Acordei ele e pedi pra
ele melhorá logo. Agora só tinha a gente e não era hora de ficá doente também.
Ele
ficô me olhando e depois me abraçô forte.
No
otrô dia ele começô a melhorá.
Guimba e a consciência Social
Por Fabio da Silva Barbosa
Nada surge do nada. As coisas, fatos e fatores possuem toda sua
história. O menino rouba, mas ele não nasceu naquele momento, roubando. Ele trabalhava duro como cobrador da combi
que fazia a subida do morro. Chegava na porta de casa exausto e tinha de
esperar sua mãe acabar de se “divertir” com algum bêbado que havia arrastado do
forró. Sentava e ficava esperando ao lado da porta aquilo que poderia durar a
noite toda. Muitas vezes, quando conseguia entrar no barraco de um cômodo, via
o pouco dinheiro que tinha conseguido ser tomado por ela. Codinome: Cangaceira.
Ambos possuíam muitas cicatrizes pelo corpo e pela alma. O frio batia forte até
a porta abrir. Via as pernas bêbadas passarem ao seu lado e entrava de cabeça
baixa. A panela vazia. Não existia banheiro ou janela. Se acomodava sobre os
trapos em um canto, dividindo o espaço com a cadela que tinha como única amiga.
O nome dela era magrela. Nem ele, nem Magrela, gostavam do cheiro de pedra
quando a mãe tava fumando. O barraco ficava impregnado. Agora era linchado por
uma multidão que o culpava por não ter consciência social. Morreu sem saber o
que isso significava
Nada surge do nada. Tudo tem um início,
um meio e um fim.
Na instituição para menores infratores
Por
Fabio da Silva Barbosa
Tenho
uma hora do lado de fora, as outras vinte e três são trancadas neste quadrado
com três caras que nunca vi na vida. E dizem que não existe pena pra menor.
Então o que é isso que tô cumprindo? Tá louco!?
A
pior hora é quando fecha a porta. Isso é o sinal de que ela só abrirá de novo
no outro dia. A não ser que você esteja matriculado no colégio, ajude na
limpeza... Faço de tudo. O negócio é não ficar o dia aqui dentro. Até a visita
ajudo a organizar. Já que não recebo visita, pelo menos ajudo a organizar a dos
outros. No final ainda posso comer a sobra dos lanches que o pessoal leva.
Só
não participo do culto. Não gosto da gritaria que o pastor faz. Nessa hora
prefiro ficar trancado aqui.
Fico
pensando como meu pai tá lá no presídio. Se aqui é ruim assim, imagina lá.
Dia
desses fui pro Isola. Lá é pior ainda. Lá nem uma hora a gente tem pra sair do
quadrado. E no quadrado só fica nós e nós. Não tem nem mais três junto. Ratiou,
vai pro Isola. É a regra.
Já
passou um mês e nem a sentença saiu ainda. Quando o juiz decidir o que vai ser
de mim, aí deve piorar.
Mas
meu caderno tá bonito. A professora disse que sou inteligente, que falo bem. Tô
lendo aqui uns livros que ela me passou. Tem um aqui que fala de uns guris vida
louca, muito parecidos comigo.
Justamente
quando tava chegando no fim do livro sobre a gurizada louca, um dos meus
parceiros de quadrado passou alguma coisa em volta do meu pescoço. Os outros
dois fingiam que tavam dormindo pra não se envolverem. O que era aquilo que ele conseguiu para me
enforcar. Nem cadarço de tênis podia entrar. Sei que não tava conseguindo me
soltar. Me debati bastante.
Dei
trabalho, mas logo a vista começou a apagar.
Pela neblina
Por Fabio da Silva Brbosa
Vagando pelos lugares de sempre
sem se preocupar se está perdendo tempo
ou apenas usando os segundos
Enquanto eles querem prolongar ao máximo a existência
você se joga de cabeça
sem temer a morte
A chuva fria molha a roupa
As meias rasgadas já estão encharcadas
Faz muito tempo que não sente o calor de um lar
Mas as ruas
não lhe parecem tão más
quanto aos demais
Não importa do que é feita a grade
pois uma jaula
é sempre uma prisão
A regra social não lhe apetece
Não quer caber em uma caixa
mesmo se pintada de ilusão
Os governos fazem guerras
mandando jovens pro caixão
enquanto eles riem pra televisão
Mas você não quer saber
apenas corre pela madrugada
sem saber se é noite ou dia
Eles te odeiam por isso
Não podem suportar sua liberdade
Tentam te soterrar com seus olhares de frustração
Só que você é mais forte que imaginam
e seu corpo magro
veste uma armadura de fúria
Não querem te entender
e você não pede
essa tal compreensão
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
PELAS VOLTAGENS DE JACK & JACK
Por:Edu Planchêz
acendendo um, dois traços,
o filete da lâmpada,
o nosso aparecimento no mundo
nas camadas do chão de cal escuro,
do chão perfeito dos que pendem para a esquerda,
para o centro da molécula do café
do chão perfeito dos que pendem para a esquerda,
para o centro da molécula do café
haendel de peruca branca, bem sério,
nos observando de uma capa, de uma estampa,
do alto do grão de arroz
nos observando de uma capa, de uma estampa,
do alto do grão de arroz
e a casa sempre nos espera,
chuvosa de livros,
fogão clamando por panelas ferventes
chuvosa de livros,
fogão clamando por panelas ferventes
minha fêmea aprende uma das máximas de lou reed,
a que nos chama para o parque dos selvagens,
da selvageria
a que nos chama para o parque dos selvagens,
da selvageria
os remos aqui estão,
sigamos para o rumo dos albatrozes,
nos encontremos com jack london aqui mesmo,
em luna dourada,
nos arredores da cidade arte,
nas páginas de suas histórias
sigamos para o rumo dos albatrozes,
nos encontremos com jack london aqui mesmo,
em luna dourada,
nos arredores da cidade arte,
nas páginas de suas histórias
diego el khouri movido pela máquina vida
nos arrasta pelos pântanos,
pelas voltagens de jack & jack
nos arrasta pelos pântanos,
pelas voltagens de jack & jack
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
POR: DIEGO EL KHOURI
Dor dilacerante, memórias pretéritas, noites insanas, amargas, feridas abertas, abertas. Dor dilacerante, presente, pretérita
terça-feira, 11 de setembro de 2018
O LADRÃO DE LIVROS
Por: Edu Planchêz
há anos minha irmã Ana Lucia Planchêz se propunha a esse papel...
um dia roubara para mim "toda poesia" de Ferreira Gullar
numa livraria de nome Guanabara
numa certa cidade do interior de São Paulo
E assim fomos roubando livros e os livros nos roubando...
Veio "meu pé de laranja lima", "arara vermelha"...
"Planalto em Chamas","Pé na estrada","Pergunte ao Pó"....
Os ladrões de livros, os livros dos ladrões...
meu nome está escrito nele
há anos minha irmã Ana Lucia Planchêz se propunha a esse papel...
um dia roubara para mim "toda poesia" de Ferreira Gullar
numa livraria de nome Guanabara
numa certa cidade do interior de São Paulo
E assim fomos roubando livros e os livros nos roubando...
Veio "meu pé de laranja lima", "arara vermelha"...
"Planalto em Chamas","Pé na estrada","Pergunte ao Pó"....
Os ladrões de livros, os livros dos ladrões...
meu nome está escrito nele
terça-feira, 31 de julho de 2018
VIVA LA VULVA
VIVA LA VULVA é uma Editora elaborada por Krystal Freitas, tendo como proposta viabilizar conteúdo de forma acessível. Formada em Ciências Sociais e indignada com o academicismo careta, resolve entrar de cabeça e alma em uma profunda pesquisa autodidata feminista.
O site é uma janela aberta em constante transformação. "Desde então minha missão tem sido tentar encontrar estratégias de comunicação para difundir questões de feminismo, sociologia e filosofia de maneira pop, agradável, transformadora, bonita, atraente. Acredito profundamente que conhecimento é LIBERDARDE e que o potencial de transformação das pessoas através de informação é INFINITO" - Krystal Freitas
Envie seu projeto para VIVALAVULVACONTATO@GMAIL.COM
quarta-feira, 4 de julho de 2018
POR: DIEGO EL KHOURI
Valorize a pessoa pelo que é, independente de sangue, dna ou status social. A família tradicional brasileira é um engôdo. A religião uma farsa. As políticas segregadoras. A arte, mecanismo translúcido de libertação. Meu espírito anarquista levanta. Sou gênio. Ápice monumental de envergadura divina. Sou gênio. Guru underground. Inútil social. Amante ardente. Bom bebedor de vinho. "Poète visionnaire décadent". Antropófago. O "Anjo e o Sedutor". Sou gênio. Dente cravado na história. Estou cravado na história. Memórias de multiversos em versos febris. Na história galgando cada passo resoluto no destino. Meu destino como farol e não coadjuvante. "Metralhadora em estado de graça". Sou gênio. Nam myoho Rengue Kyo nas notas sublimes do Sutra de Lótus. Sem patrão, família ou Estado. Uno com a criação. Eu sou criação. nem pior, nem melhor. Deuses diáfanos obsoletos-modernos-eternos. Não há família e nem Estado. Social anarquista. Drogas e poesia. Um falo ereto e o rosto no ombro. Homem e mulher: um só. Sem patrão e família. Dna congênito. Poeta de chinelo. O selvagem místico sexual. Sem moral, leis ou regras. Rimbauds esporrando vertigem. Cu, buceta e pau. Pau, buceta e cu. Sem família, nem Estado. Renego o DNA que me impuseram sem meu consentimento. El Khouri rebento das tradicionalidades do senso comum. Punheta forçada na noite macabra de Goiânia. O zoológico grita o leão. Convulsões. Jacarepaguá On the road. Aplausos em teatros estrelares em metrópoles moribundas. Bundas e seios aqui e acolá. Querem que eu saia do ventre que me vomitou em um março qualquer de um interior qualquer em um hospital qualquer de um Estado qualquer no centro do centro do mundo, de qualquer mundo? Seus olhos são olhos e o que tem haver a dialética nisso? Olhos platônicos perante a república. Por que meus quadros incomodam e ferem tanto o genoma aristotélico envolto nesse pano sujo de sangue e sêmen? Porra grudada nos dedos. Vida alheia é alheia. Os deem dicionários e diplomas. Rasguem faces outorgadas de merda. Rubens Zachis Mescalina suicida grita. Um feto envolto naquele pano sujo canta "músicas para passar na mão". Fratricidas ignóbeis vermes nada entendem. E eu sou gênio. Gênio do bem e do mal. "Místico em estado selvagem". Filho da puta, luz do século. "Vagabundo iluminado". As inúmeras chaves do conhecimento.
segunda-feira, 21 de maio de 2018
OUVINDO MORPHINE
Por:Edu Planchêz
e tudo que guardo nas fronteiras do que penso,
cabe num grão azul de luz,
numa jarra de néctar de jenipapos,
nas gamelas esculpidas por meu pai na lama da casa,
e você nem sabe que um dia sem noite paira nos escombros,
nas palhas que se movem
e tudo que guardo nas fronteiras do que penso,
cabe num grão azul de luz,
numa jarra de néctar de jenipapos,
nas gamelas esculpidas por meu pai na lama da casa,
e você nem sabe que um dia sem noite paira nos escombros,
nas palhas que se movem
e para o mistério do que escrevo,
preciso convocar o sufi malungo diego el khouri
para que destampando seus olhos
e os outros olhos do que não sei descrever
se revele no desintegrar dos fantasmas
preciso convocar o sufi malungo diego el khouri
para que destampando seus olhos
e os outros olhos do que não sei descrever
se revele no desintegrar dos fantasmas
para lá das muralhas da sala,
para lá das muralhas do ventre,
dos carcomidos livros...
para lá das muralhas do ventre,
dos carcomidos livros...
há algo sem sombras na pele da neve,
na pele dos amigos,
no cone das coisas que cabem na geometria
da porta que se abre agora
que escrevo ouvindo morphine
na pele dos amigos,
no cone das coisas que cabem na geometria
da porta que se abre agora
que escrevo ouvindo morphine
sábado, 19 de maio de 2018
DES-TINO
des-tino.com.br
Ob.: Não publiquei o texto aqui porque é muito extenso e empurraria as outras postagens para fora da página.
quarta-feira, 16 de maio de 2018
MAIS QUE UMA CYPHER POÉTICA POR MURILO PEREIRA DIAS (MURILOUCO), DIEGO EL KHOURI E FABIO DA SILVA BARBOSA
Catando algo de vida na poeira
sem saber pra onde ir
ele embarcava rumo a qualquer lugar
a vida anda assim
tão morta quanto a tumba do velho imperador
as crianças não tem mais tempo pra brincar
suco de cérebro e mensagens hipnóticas
a professora já não pode ensinar
Muita dor. Muita dor.
anestesia geral
Anjos decrépitos
Na mosca morta de deus
Subjugando
cercando
A vida (sangue, glóbulos)
Numa emboscada de fome
Esses anjos de escrivaninha
Com seus métodos chulos
Arrancando cabeças Fígado, pâncreas, almas
Esses anjos de merda
Filhos da puta militares
Milhares de mortes
Nas suas mãos
Que vejo nu e sem luz
Esses anjos calhordas
Não consigo mais pensar
Vivo alucinado
Anjos que não são anjos
anjos que são bestas feras travestidos de anjos
com suas asas de náusea e vômito
com sua áurea de azedume e podridão
Não escrevam minha
pertence ou acrescente os,
para que possamos ter toda desconexão de sentidos
Assim em um determinado........
sem........ se for o motivo.....mm.........
mais uma vez..... mas foi mais uma outra vez....... .....
E as escadarias das dimensões aproximadas
da embalagem ao abrir o arquivo perdido Não se preocupe
Que bom que gostou do que.....????
E ....
Antes o medo estava no andar dos palhaços
Os pequenos detalhes
palhaços
A grande chance
A grande quantidade
Perdeu a graça
Ao escalar o solitário ego
Ao esquecer de si
Ao se perder ou se entregar
Como os outros irão entender ....
o que isso importa???
Graças..... risadas....
Então apenas segue para um fluxo anti tempriam
Corretos filho da putanas
Uma verdadeira graça
DESGRAÇA
Que de muito longe
Vê o fim tão perto
E apenas tenta freiar
O lamento
Inevitável
Numa andiedade
Ansiedade
Angústia
Calafrios
Alucinações esquizofrenia e tudo tranquilo em paz
Trevas
Sangue
Mórbido
Luz alegria drogas
Fuga
Fuga
Muita dor. Muita dor.
Dor no corpo, dor na alma
Nos membros, face e boca
Na cabeça, no cu do século
Nas bolas murchas da impotência
Dor que passa nas ruas, favelas
Na quebrada desassistidas
Anjos de merda mergulhando meus irmãos
Muita dor. Muita dor.
Drogas - recreação - fuga
Fuga
Paz
Paz
Paz
Tech
Hi tech
Paz hi tech
Paz eletrônica
Verde vermelho
Por um valor que possam pagar
Sem paz Sem paz Sem paz Sem paz Sem paz
Paz sem luz
Sem voz
Cassetetes Algemas Repressão
Elas dominarão
O conflito
Domínio sem domínio
Estará disponível
Sempre quis ser
A grande dispersão
A fenda
A saída
Mas também o retorno
A entrada
A brecha
O descuido
A queda
O flagelo
Lsd, caminho do sol
Qualidade
Controle de qualidade
O grande sistema operacional
A pirâmide
O ter
Acesso
Estar
Sentir
Escapar
Cair
Desespero
Sombras medo
Questões
Dias
Horas
Medo
Enfim
Enfim
Bom dia
Boa tarde
Boa noite
Um café e um 2
Um 2
Um 2
2
feijão com arroz
sem feijão e sem arroz
sem saber pra onde ir
ele embarcava rumo a qualquer lugar
a vida anda assim
tão morta quanto a tumba do velho imperador
as crianças não tem mais tempo pra brincar
suco de cérebro e mensagens hipnóticas
a professora já não pode ensinar
Muita dor. Muita dor.
anestesia geral
Anjos decrépitos
Na mosca morta de deus
Subjugando
cercando
A vida (sangue, glóbulos)
Numa emboscada de fome
Esses anjos de escrivaninha
Com seus métodos chulos
Arrancando cabeças Fígado, pâncreas, almas
Esses anjos de merda
Filhos da puta militares
Milhares de mortes
Nas suas mãos
Que vejo nu e sem luz
Esses anjos calhordas
Não consigo mais pensar
Vivo alucinado
Anjos que não são anjos
anjos que são bestas feras travestidos de anjos
com suas asas de náusea e vômito
com sua áurea de azedume e podridão
Não escrevam minha
pertence ou acrescente os,
para que possamos ter toda desconexão de sentidos
Assim em um determinado........
sem........ se for o motivo.....mm.........
mais uma vez..... mas foi mais uma outra vez....... .....
E as escadarias das dimensões aproximadas
da embalagem ao abrir o arquivo perdido Não se preocupe
Que bom que gostou do que.....????
E ....
Antes o medo estava no andar dos palhaços
Os pequenos detalhes
palhaços
A grande chance
A grande quantidade
Perdeu a graça
Ao escalar o solitário ego
Ao esquecer de si
Ao se perder ou se entregar
Como os outros irão entender ....
o que isso importa???
Graças..... risadas....
Então apenas segue para um fluxo anti tempriam
Corretos filho da putanas
Uma verdadeira graça
DESGRAÇA
Que de muito longe
Vê o fim tão perto
E apenas tenta freiar
O lamento
Inevitável
Numa andiedade
Ansiedade
Angústia
Calafrios
Alucinações esquizofrenia e tudo tranquilo em paz
Trevas
Sangue
Mórbido
Luz alegria drogas
Fuga
Fuga
Muita dor. Muita dor.
Dor no corpo, dor na alma
Nos membros, face e boca
Na cabeça, no cu do século
Nas bolas murchas da impotência
Dor que passa nas ruas, favelas
Na quebrada desassistidas
Anjos de merda mergulhando meus irmãos
Muita dor. Muita dor.
Drogas - recreação - fuga
Fuga
Paz
Paz
Paz
Tech
Hi tech
Paz hi tech
Paz eletrônica
Verde vermelho
Por um valor que possam pagar
Sem paz Sem paz Sem paz Sem paz Sem paz
Paz sem luz
Sem voz
Cassetetes Algemas Repressão
Elas dominarão
O conflito
Domínio sem domínio
Estará disponível
Sempre quis ser
A grande dispersão
A fenda
A saída
Mas também o retorno
A entrada
A brecha
O descuido
A queda
O flagelo
Lsd, caminho do sol
Qualidade
Controle de qualidade
O grande sistema operacional
A pirâmide
O ter
Acesso
Estar
Sentir
Escapar
Cair
Desespero
Sombras medo
Questões
Dias
Horas
Medo
Enfim
Enfim
Bom dia
Boa tarde
Boa noite
Um café e um 2
Um 2
Um 2
2
feijão com arroz
sem feijão e sem arroz
sábado, 5 de maio de 2018
Restos Mortais
Por Fabio da Silva Barbosa
o homem de bronze
deitado na calçada
encostado na parede
no meio da sujeira
não desperta interesse
ou mera curiosidade
dos que passam apressados
restos desprezados
braços dobrados
pernas encolhidas
cada parte retorcida
em uma tensão pacífica
a chuva começa a cair
molhando o cadáver
que respira ofegante
em um bailar de pele e osso
Na guerra pela paz
Por Fabio da Silva Barbosa
Desrespeito
só com a falta de respeito
Intolerância
só com os intolerantes
Não pode haver liberdade
para os inimigos da liberdade
O ser livre só poderá gozar plenamente
quando os vermes opressores não mais caminharem sobre a
terra
Mais uma noite em vão
Por Fabio da Silva Barbosa
os vapores da loucura tomam conta do ambiente
fumaça
tabaco
nicotina
mais um gole
fermentado
destilado
do outro lado
vozes se misturam a vários outros sons
calor e agonia
um bêbado arrota grosserias
a mulher quebra a garrafa na cabeça dele
o patife beija o chão
Ilusão
Por Fabio da Silva Barbosa
Palavras bonitas
Não acredito em suas palavras bonitas
Vejo a hipocrisia
transbordando em suas pequenas formas
Palavras adoráveis
Você repete apenas o que fez parte do triste adestramento
Tanta raiva camuflada
em seus gestos estudados
Teus olhos não escondem
o que você realmente pensa
Por tantas vezes tentei acreditar
mas a verdade sempre aparece
Palavras bonitas
Vejo a hipocrisia
Palavras adoráveis
Tanta raiva camuflada
Teus olhos não escondem
Por tantas vezes tentei acreditar
Não acredito em suas palavras bonitas
transbordando em suas pequenas formas
Você repete apenas o que fez parte do triste adestramento
em seus gestos estudados
o que você realmente sente
Palavras bonitas
transbordando em suas pequenas formas
e a verdade sempre aparece
Palavras adoráveis
em seus gestos estudados
Teus olhos não escondem
Por tantas vezes tentei acreditar
Poço
Por Fabio da Silva Barbosa
Ei, cara
vê-lo encolhido em um canto
como um feto em
uma noz
ou um punhado de roupa suja
não ajuda a conter meu pranto
Olá, menino
vê-lo se decepcionar
com o sistema que tritura sonhos
corpos e mentes
confirma que tudo não passa de merda
E aí, gente
tanto sofrimento
submersos na tristeza
angustia e agonia
não queremos esse toque
Mas não deixe que te escravizem
nessa depressão
onde o mundo
paga pela doença humana
Lute, garota
contra as correntes miseráveis
que estão pintadas
como se fossem ouro
outra pedra para tolos
Escuta, irmão
mas não deixe que o silêncio
entorpeça o cérebro
até ficar como um saco d’água
ou algo embalado a vácuo
Fala, criança
e não vá se afogar
nos lagos transbordantes
dos teus olhos
banhados em sangue
Mas não permita que levem assim
toda força
que a natureza
te deu
Não venda
o que não tem preço
pois o barato
é sempre caro demais
Célula Maligna
Por Fabio da Silva Barbosa
violência generalizada
mentes enlatadas
vidas arrasadas
terra devastada
essa é a herança
da civilização maldita
memória distorcida
na mentira acredita
amor – palavra ridicularizada
pelos que destroem nossa existência
semeiam a demência
sangue na estrada
a ignorância se prolifera
nos transformam em bestas
nos tornamos feras
traumas e sequelas
Desinteresse por facilidades ou Se quisesse ser feliz, aderia a eterna ignorância
Por
Fabio da Silva Barbosa
insônia
maldição
que atormenta
aos
de cérebro acelerado
com
dificuldade de rir
caminha
pelo caos extremo
observando
absurdos
não
entende
como
o atraso e a estupidez
consegue
tantos aplausos
não
gosta de entretenimento
não
vê sentido em distrações
não
quer fazer parte da rotina
solidão
única
companheira
dos
que não querem se encaixar
*Que venha então*
Carniça
Por Fabio da Silva Barbosa
completamente viciado ele caminha
sem rumo pelas ruas
não encontra outras possibilidades
ou motivos pra tentar
não tem como suportar
filho miserável de pais pobres
com futuro surrupiado
por políticos marionetes de poderosos
os privilegiados privilegiando interesses
se colocasse a mão em um desses...
famílias catando alimentos em lixões
sem compreender o motivo de suas desilusões/frustrações
como uma bala perdida em um corpo achado
apenas faz seu trajeto até ser encontrado
reconhecido pelos pés
rachados
aquela criança
que nasceu e foi motivo de tanta esperança
hoje rouba, trafica, furta
e coloca a vida na balança
põe a cabeça na pedra e dança
são apenas sobras
restos de vidas
lágrimas nos olhos da cara torcida
lombriga por toda barriga
pele ferida – gente sofrida
efeito colateral desse monstro sistema
todo mundo condena
nada vale a pena
não vale um centavo para os cabeças de antena
mente pequena-gente gangrena
seria diferente se fosse filho do tal
pediu a mão ganhou pau
passando mal não tinha hospital
morrendo esticado foi tapado com jornal
a vela acesa não afasta o imoral
4.700
Por Fabio da Silva Barbosa
quatro mil e setecentas substâncias a me matar
roubando minha vontade
meu prazer
minha vida
suicídio
morte voluntária
sem ar
dor de cabeça
azia
vontade de vomitar
Dança Urbana
Por Fabio da Silva Barbosa
Foi só o sinal ficar verde, liberando a passagem dos
carros, que ele se pôs a caminhar no meio da rua. Deu um salto da calçada,
caindo já andando pelo asfalto. Se inclinou para frente deixando passar um
carro e retrocedeu dois passos para não ser atingido por outro. Os veículos
passavam em alta velocidade. Rodopiando entre os automóveis que vinham
acelerados, chegou ao outro lado.
Um pedestre que assistia a cena, falou em tom de
brincadeira:
- Quase amassou o carro dos outros, rapaz.
Ele olhou satisfeito e deu um sorriso:
- Sempre faço essa dancinha. Você tem de ver no
cruzamento da avenida. Dou um show.
Feliz 2018?
Por Fabio da Silva Barbosda
é como um direto na cara
desfiando o desconforto
fedendo como um morto
no bolso nenhum troco
se os antigos poetas reclamavam
diziam que tava ruim
se lamentavam pelos cantos
viviam eterno pranto
imagina nesses tempos de merda
onde servem um prato de bosta
perguntam se tá bom
perguntam se você gosta
e a alienação agradece
levanta as mãos pro céu
aperta os olhos e faz a prece
nunca foi lembrado e sempre esquece
para podermos existir
será necessário lutar
não adianta implorar
não adianta rastejar
é como um soco no estômago
não curto receber ordem
não vejo o tal progresso
império retrocesso
e o pior está por vir
se não levantarmos e agir
com vontade intervir
o pior está por vir
sábado, 7 de abril de 2018
MEU NOME É SUTRA DE LÓTUS
Por: Edu Planchêz
SOU A SUBVERSÃO
DE TUDO QUE OPRIME,
QUE NOS PÕE MÁSCARAS
DE FERRO NA FUÇA,
MENTIRAS EM NOSSOS CORPOS DE
ESPINHOS
A DESOBEDIÊNCIA
AO QUE É ESTABELECIDO
PARA LIMITAR
POR MIM É ABRAÇADA
POR TODOS DOS BRAÇOS
QUE TENHO NO SANGUE,
SEM O MENOR MEDO
DO QUE E QUEM FOR TRUCULENTO
JURO À TERRA CUSPIR MAIS FOGO
QUE TODOS OS VULCÕES
QUE EXISTEM, QUE EXISTIRAM,
QUE EXISTIRÃO;
MEU NOME É SUTRA DE LÓTUS
ANTONIO EDUARDO PLANCHÊZ DE CARVALHO
ÁRVORE GIGANTE DE LUZ
ME RESPEITE QUE EU ME RESPEITO E TE RESPEITO
ATÉ ONDE HÁ LUCIDEZ E BENEVOLÊNCIA
PRIMANDO SEMPRE PELA BENEVOLÊNCIA,
PELO DIÁLOGO, PELA TROCA
* Retirado do livro Dinastia das Orquídeas. Para ler o livro é só acessar o link: http://dinastiadasorquideas.blogspot.com.br/
SOU A SUBVERSÃO
DE TUDO QUE OPRIME,
QUE NOS PÕE MÁSCARAS
DE FERRO NA FUÇA,
MENTIRAS EM NOSSOS CORPOS DE
ESPINHOS
A DESOBEDIÊNCIA
AO QUE É ESTABELECIDO
PARA LIMITAR
POR MIM É ABRAÇADA
POR TODOS DOS BRAÇOS
QUE TENHO NO SANGUE,
SEM O MENOR MEDO
DO QUE E QUEM FOR TRUCULENTO
JURO À TERRA CUSPIR MAIS FOGO
QUE TODOS OS VULCÕES
QUE EXISTEM, QUE EXISTIRAM,
QUE EXISTIRÃO;
MEU NOME É SUTRA DE LÓTUS
ANTONIO EDUARDO PLANCHÊZ DE CARVALHO
ÁRVORE GIGANTE DE LUZ
ME RESPEITE QUE EU ME RESPEITO E TE RESPEITO
ATÉ ONDE HÁ LUCIDEZ E BENEVOLÊNCIA
PRIMANDO SEMPRE PELA BENEVOLÊNCIA,
PELO DIÁLOGO, PELA TROCA
* Retirado do livro Dinastia das Orquídeas. Para ler o livro é só acessar o link: http://dinastiadasorquideas.blogspot.com.br/
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