O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

sábado, 22 de setembro de 2018

Na instituição para menores infratores


Por Fabio da Silva Barbosa

Tenho uma hora do lado de fora, as outras vinte e três são trancadas neste quadrado com três caras que nunca vi na vida. E dizem que não existe pena pra menor. Então o que é isso que tô cumprindo? Tá louco!?
A pior hora é quando fecha a porta. Isso é o sinal de que ela só abrirá de novo no outro dia. A não ser que você esteja matriculado no colégio, ajude na limpeza... Faço de tudo. O negócio é não ficar o dia aqui dentro. Até a visita ajudo a organizar. Já que não recebo visita, pelo menos ajudo a organizar a dos outros. No final ainda posso comer a sobra dos lanches que o pessoal leva.
Só não participo do culto. Não gosto da gritaria que o pastor faz. Nessa hora prefiro ficar trancado aqui.
Fico pensando como meu pai tá lá no presídio. Se aqui é ruim assim, imagina lá.
Dia desses fui pro Isola. Lá é pior ainda. Lá nem uma hora a gente tem pra sair do quadrado. E no quadrado só fica nós e nós. Não tem nem mais três junto. Ratiou, vai pro Isola. É a regra.
Já passou um mês e nem a sentença saiu ainda. Quando o juiz decidir o que vai ser de mim, aí deve piorar.
Mas meu caderno tá bonito. A professora disse que sou inteligente, que falo bem. Tô lendo aqui uns livros que ela me passou. Tem um aqui que fala de uns guris vida louca, muito parecidos comigo.    
Justamente quando tava chegando no fim do livro sobre a gurizada louca, um dos meus parceiros de quadrado passou alguma coisa em volta do meu pescoço. Os outros dois fingiam que tavam dormindo pra não se envolverem.  O que era aquilo que ele conseguiu para me enforcar. Nem cadarço de tênis podia entrar. Sei que não tava conseguindo me soltar. Me debati bastante.
Dei trabalho, mas logo a vista começou a apagar.

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