Por Fabio da Silva Barbosa
Nada surge do nada. As coisas, fatos e fatores possuem toda sua
história. O menino rouba, mas ele não nasceu naquele momento, roubando. Ele trabalhava duro como cobrador da combi
que fazia a subida do morro. Chegava na porta de casa exausto e tinha de
esperar sua mãe acabar de se “divertir” com algum bêbado que havia arrastado do
forró. Sentava e ficava esperando ao lado da porta aquilo que poderia durar a
noite toda. Muitas vezes, quando conseguia entrar no barraco de um cômodo, via
o pouco dinheiro que tinha conseguido ser tomado por ela. Codinome: Cangaceira.
Ambos possuíam muitas cicatrizes pelo corpo e pela alma. O frio batia forte até
a porta abrir. Via as pernas bêbadas passarem ao seu lado e entrava de cabeça
baixa. A panela vazia. Não existia banheiro ou janela. Se acomodava sobre os
trapos em um canto, dividindo o espaço com a cadela que tinha como única amiga.
O nome dela era magrela. Nem ele, nem Magrela, gostavam do cheiro de pedra
quando a mãe tava fumando. O barraco ficava impregnado. Agora era linchado por
uma multidão que o culpava por não ter consciência social. Morreu sem saber o
que isso significava
Nada surge do nada. Tudo tem um início,
um meio e um fim.
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