Mais um maluco que veio pra somar. Edu Planchêz, poeta, músico e vocalista da banda de rock chamada Blake Rimbaud. Abaixo alguns poemas de sua autoria:
AO ESPÍRITO VELOZ DE NEAL CASSADY
provável que essas palavras só sejam compreendidas
pelos grilos brancos e pelos que buscam
desenhos, rostos nas nuvens,
nos cabelos do corpo,
nas lágrimas das árvores
sou esse poeta, esse raíto de sândalo
entranhado na medula,
em nas artérias centrais,
nas estruturas caleidoscópias da alma
dos enormes mitos
que fincas nas páginas do ventre
retorno ao blue,
as vozes enebriantes das Divas,
ao piano, ao sax,
ao espírito veloz de Neal Cassady
***
WALT WHITMAN GOSTAVA DE OUVIR
"Walt Whitman gostava de ouvir
sua avó Van Velson,
contar a história do velho
Salt Kossabone, seu tataravô,
que costumava sentar-se
em sua imensa cadeira de braços,
perto da janela,
em sua casa da colina,
quando já era velho demais
para navegar..."
E quantas navegações faço
com o velho Whitman,
pelos charcos da Nova Guiné
de meus sonhos tri alucinados?
Esses nossos aliados que andaram
pelo Arizona
e por Aparecida de Goiânia,
arriscando todas as fichas
numa iluminada...
"procissão de suicidas"
viajando nos porões
de uma garrafa cheia de versos
por demais amargos,
por demais encravados
nas pintas do cogumelo
da "bomba de estrelas"?
Walt Whitman gostava de ouvir
nossas irmãs Sarah El Khouri
e Ana Lúcia Planchêz
fumarem os pelos da vagina,
e os pelo do monstro
comedor de letras e cus
que mora nas lanternas
dos que não nasceram
para a mordaça
Diego El Khouri,
me identifico com você
e com o Joka Faria
+ o Ivan Silva
por sermos poetas devotos
do sonambulismo das aranhas escrotas de tanto foderem
aranhas escrotas
Me mostraste os estraçalhados versos do Sabotage
numa noite de muita maconha,
de várias punhetas,
de necas de doses de mescalina,
sem nenhum botão
espinhoso de peiote
para mascarmos diante do fim
do mundo nada eletrificado
dos que nada pensam
porque nunca foderam com a poesia
pica das galáxias
E esses merdas obcecados
por mentira e poder...( que sifu)
na real, nos sirva (você)
um morrão de ouro
( assim se dizia na Bahia
do poetaço Valente Junior),
desses que você
(Diego El Khouri Plural)
guarda nas dobras do blusão
de couro de buceta
***
MULTIDÕES DE PÁSSAROS-ESTRELAS-CADENTES
Bem sei de onde vem todos esses ventos...
me pondo a prova de todas as voltagens,
de todos os sentidos, de todas as artes...
Perto e distante do pequeno grande homem,
inteiro e partido, armado de versos,
de portais de versos, de escudos de versos
Sou mesmo aquele que inflama o ambiente
com os mais frios e os mais quentes,
com as flechas Tupis, com os tacapes Yorubás
Perto de mim nascem árvores,
florestas completas, complexas formas,
geométricos pensares,
multidões de pássaros-estrelas-cadentes
Esse é o meu homem,
a ponta afiada da folha que o protege,
o sono dos peixe, o despertar do crustáceo
que esteve amorfo por kalpas no interior
***
ESCRITO NUM 25 DE DEZEMBRO
O bat-gato do cor do caralho,
caminha solene entre caroços de melancia,
juro que não tem nenhum um cu nesse poema,
( nenhum), menti, tem o meu,
e o cu do mundo,
do mundo de Monteiro Lobato,
de Arquimedes,
do General Cronos,
o cu de Ícaro Odin
( meu pai, sempre diz,
“filho, pare com indecências!)
O bicho sapo assopra colinas repletas de ipes
nos olhos crocantes de Rosa Kapila,
segundo, sua irmã, Ana Vitória,
“a Hiena chefe do séquito, o rabo de couro
do bando dos ratos de Lampião e Mário Faustino”
E essa porra de poema
escrito num 25 de dezembro,
conhece muito bem as leis
da comunidade,
os chifres da fera
que cruza os céus,
os dentes do alho,
o sabor do coentro,
as louças bailarinas
da noite sempre noite
caminha solene entre caroços de melancia,
juro que não tem nenhum um cu nesse poema,
( nenhum), menti, tem o meu,
e o cu do mundo,
do mundo de Monteiro Lobato,
de Arquimedes,
do General Cronos,
o cu de Ícaro Odin
( meu pai, sempre diz,
“filho, pare com indecências!)
O bicho sapo assopra colinas repletas de ipes
nos olhos crocantes de Rosa Kapila,
segundo, sua irmã, Ana Vitória,
“a Hiena chefe do séquito, o rabo de couro
do bando dos ratos de Lampião e Mário Faustino”
E essa porra de poema
escrito num 25 de dezembro,
conhece muito bem as leis
da comunidade,
os chifres da fera
que cruza os céus,
os dentes do alho,
o sabor do coentro,
as louças bailarinas
da noite sempre noite
***
ON THE ROAD FUTURO
dia de feira na praça seca,
domingo de sol e chuva,
eu indo para o japão que fica em madureira
pendido nas rabiolas das pipas,
nos rabos dos sardinhas de escamas verdes,
nos varais de coloridos panos,
nas cabeças das frutas e dos legumes,
no coreto dos muitos carnavais
não digo era, digo é,
o que é vivo na mente nunca passa,
nunca deixa de flutuar por entre as gerações,
por entre os coqueiros da minha verdade
a poesia é o maior dos amores,
a mulher, a mãe, o pai e o filho,
diego el khouri assinaria esses versos
aquele que assume a civilização
tal qual o faz bob dylan
para o sempre aflora setembros,
janeiros e dezembros
nos olhos dos que miram borboletas estrelas
passo a ponta do lápis de cor vermelha
nas linhas que vou rabiscando
com o corpo beat,
ond the road futuro
***
O PAU DURO CONTEMPLANDO O GRELO ENCARNADO
é um relâmpago devastador
(A porta se abre com a fúria do sopro sinfônico)
Os casais adoecem de tanto brigar, inglória atitude,
impotência, morbidez injusta, cegueira, falta de tesão, pica inútil,
xereca vazia, caralho que nunca vê o sol,
buceta arreganhada para nada
Minha poesia adora ver a porra incandescente transbordar
o canal da vagina, o útero, o ventre, a boca, o anus
e escorrer sem parar pelas coxas gargantas
até o sul da criança rubi
Foder até a foda se tornar um livro de histórias
Foder até o fim das guerras idiotas
O pau duro contemplando o grelo encarnado
é um relâmpago devastador
Pablo Picaso dorme nu sobre a sombra das tintas
de suas mulheres toreadas
A lança que não fura o boi atravessa as bolhas
que se formam nas camadas tênues
da geométrica vontade
Rei e Rainhas brincando de brincar
diante da porta do templo da gestação
A porta se abre com a fúria do sopro sinfônico
A porta se abre para espalhar o pigmento
do fascínio ensurdecedor
Bebi um gole de saliva seca pensando no prazer que há tempo insiste em ser apenas uma distante lembrança de momentos entre nos..., se eu permitisse você ainda dançaria no espelho e minha alma mórbida e egocêntrica, congelando o tempo eternamente numa fracção de segundo, como um relâmpago potencialmente devastador... Hoje prefiro acordar com o sol e dizer para minha alma assustada "foi tudo ilusão", e o futuro me consome com o pragmatismo dilacerando minha alma onírica...
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