O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Amor fati

Acho que é assim que tudo termina.
Uma semente germina, uma flor nasce e no outro dia morre.

Aqui tudo que se planta também se colhe.
E um dia, o coração pára de bater?

Eu te escrevo e você me apaga.
A mão que me bate também me afaga, mas nem por isso deixa de doer.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Bom dia


Por: Fabio da Silva Barbosa
 
Acordei com a cama se mexendo e sentindo algo estranho entre minhas pernas. Novamente dormi bêbada. Olhei discretamente as mãos que apertavam meus peitos. Não dava para tirar grandes conclusões apenas pelas mãos. Ainda mais no escuro. De qualquer forma, não parecia mão conhecida. Merda... Lá vem o idiota beijando meu pescoço. Ai... Que dor de cabeça... Melhor fechar os olhos para o infeliz não saber que estou acordada. Espera um pouco... O que é isso nas minhas costas? Peitos? Olhei melhor para as mãos e, mesmo naquela escuridão, pude perceber que estavam com as unhas pintadas.   
Comecei a virar lentamente e me deparei com uma linda mulher. Fui virando até me por de frente para ela. Senti seu pau saindo de minha boceta. Era um pau enorme. Olhei bem para aquele rosto (assim que desviei o olhar do cacete) e ela me beijou com calor. Depois de nos apertar e esfregar durante um tempo, olhei no fundo de seus olhos e perguntei:
- Mas... Quem é você?
Ela me largou e se levantou de um salto. Pude ver seu corpo por inteiro. Era o corpo feminino mais belo que já vi e nele se balançava um pau maravilhoso.
- Como assim?... Você não lembra? Não sabe quem sou?
Levantei a parte superior do meu corpo e tentei segurar o membro que parecia me olhar. Ela se afastou, se cobrindo com uma toalha que estava jogada por ali. Parecia uma donzela envergonhada. Fui me arrastando até a borda da cama e sentei.
- Calma... Me desculpa... Mas o que aconteceu ontem? Álcool? Drogas?   
- Não acredito nisso. Cachorra!!! Vadia!!! – Gritava, enquanto se arrumava.
- Por favor... Me entenda...
Ela acabou de se arrumar, já saindo pela porta. Os seios siliconados ainda estavam a mostra quando saiu rosnando. Caí de costas na cama e fiquei olhando para o teto.
- Quem será aquela criatura? ...
Apalpei uma carteira que estava abandonada no canto da cama. Era uma carteira feminina. Dentro haviam alguns papéis com números telefônicos anotados, algumas notas e um documento de identidade. Na foto, um homem de bigodes estava a me olhar. No meio daquela expressão máscula, pude reconhecer aquele rosto feminino que acabara de ir embora. Carlos Cleber Carmindo, era o nome dela. Pela data de nascimento tinha 43, assim como eu.
Abri os braços deixando a carteira e o documento se desprenderem de minhas mãos. Sempre gostei das minhas mãos. Achava que elas eram perfeitas. Voltei a fitar o teto. Eu não fazia a menor idéia de onde era aquele teto.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Linha dura nos olhos dos outros é refresco



Por: Fabio da Silva Barbosa

As ruas começavam a ganhar movimento. Entre uma brincadeira e outra, os camelôs arrumavam suas mercadorias. Logo as vans começaram a chegar e a despejar passageiros por toda a parte. Os primeiros pedestres já se esbarravam pelas esquinas.
- Olha o suco de laranja.
- Vai um biscoito aí, madame?
- Ó o cordão. É prata pura.
A manhã foi correndo tranquila no que já havia se transformado em um formigueiro humano.
- Olha o rapa.
Pronto. Essa frase acabou com toda a tranquilidade dos que tentavam ganhar uns trocados para viver e dos que compravam suas mercadorias. Quem podia meter o tabuleiro na cabeça, saiu correndo. Dona Marrequita se debruçou, desesperada, sobre suas frutas.
- Por favor... Não levem minhas mercadorias. É tudo que eu tenho para sustentar meus filhos.
Levaram-na por desacato a autoridade.
- Pera aí, porra. - Gritava o garoto dos relógios vendo sua mercadoria ser jogada na carroceria de um carro da Prefeitura.
Logo a confusão estava generalizada. Alguém não suportou ver seu ganha pão ser tomado e resolveu argumentar. Mas quem é pago para manter a ordem, nem sempre está aberto a diálogo e a discussão virou briga. Cassetetes, pedras... Violência para todo o lado. Era a ordem pública e o bem estar geral sendo empurrado goela abaixo de quem não tem grana.
Belmiro chegou em casa machucado e sem o dinheiro para comprar o macarrão do jantar. Falou com a mulher que teria de conseguir o capital emprestado para comprar mais mercadorias.
- Calma, meu bem. Hoje a noite tem festa na quadra. Vai lá e esfria a cabeça. Se distrai um pouco.
Pois foi o que Belmiro fez. O pagode estava animado e um amigo o convidou para a cerveja. Lá pelas dez, o policiamento comunitário chegou. Os policiais desceram da viatura e foram logo anunciando que estava na hora de terminar a confraternização.
- Como assim terminar? – Interveio o cara da barraquinha de cachorro quente.
- É isso aí. Vocês não pediram permissão para fazer esse evento. – Disse um de bigode, tomando a frente da conversa.
- Pedir permissão para quem? Nós sempre fizemos esse encontro para o pessoal da comunidade ter uma distração e vocês que chegaram aqui ontem me aparecem com essa marra.
- É isso aí! Marra dentro da nossa comunidade não! – Concordaram todos.
- Calma, gente. O que tá havendo aqui? – O Presidente da Associação chegou tentando acalmar os ânimos.
- Tá havendo que a gente tá pedindo na educação para acabar a festa e esse pessoal tá querendo arrumar barulho. Ao invés de agradecer que deixamos rolar até essa hora, ainda tão reclamando. Agora acabou a bagunça. Temos que organizar a situação. Para fazer evento tem de pedir permissão e esperar para ver se vai ser aprovado.
Um falatório tomou conta da quadra. O Presidente pediu calma e sugeriu:
- A gente se compromete a pedir a tal da autorização da próxima vez. Dessa vez a festinha já tá rolando. A gente abaixa o som. Pode ser?
- Infelizmente, não. Temos de encerrar. – Replicou o de bigode.
- Mas...
Antes do Presidente argumentar, um sinal, invisível para os moradores, foi dado e os policiais foram em direção a caixa de som para desligar e mandar os pagodeiros descerem do palco improvisado. Foi o que faltava para o tumulto começar. Belmiro passou a mão na cabeça. Já tinha visto esse filme hoje.    

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Os Riscos & Afins de José Nogueira

Segue colaborações de mais um participante, José "Zinerman" Nogueira, fanzineiro e agitador cultural das antigas, de vasta produção underground.


POÉTICAS ESCATOLÓGICAS POÉTICAS ESCATOLÓGICAS 

 
ENTRE O DEDO E A FERIDA
POR JOSÉ ZINERMAN NOGUEIRA


ME ARREBENTEI TODO
QUANDO ESCORREGUEI NAQUELE LODO
ABRIU-SE UMA CRATERA E UMA FERIDA
MOSCAS VAREJEIRAS SOBREVOAVAM EM CIMA
ENQUANTO O SANGUE JORRAVA SEM PARAR
ERA COMO UMA PIMENTA ARDIDA
FUI ATÉ O INFERNO E VOLTEI
GRITAVA DE DOR
E QUEIMAVA COMO FOGO
ENTRE O DEDO E A FERIDA
ARRANCAVA A CASCA TODA FODIDA
 

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BOCA DO LIXO, POESIA SUJA
POR JOSÉ ZINERMAN NOGUEIRA

BOCA DO LIXO
RABISCO ENTRE PAREDES
POESIA SUJA
ENCONTRADA NA RUA
DAS MENINAS DO PRAZER BARATO
QUE ESTÃO BEM AO MEU LADO
BOCA DO LIXO
COM CHEIRO DE ESPERMA RESSECADA
DO HOMEM MORTO A NAVALHADA
DA VIDA CURTA
NEM DOLAR , NEM REAL
NOUTRO DIA PARECIA TUDO IGUAL 



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#672 GATTO-PINGADO (a José Zinerman Nogueira) [2003]

Zineiro, buzineiro da anarchia,
que juncta no papel cacos de estrada,
galaxia, giria astral, jornal, jornada,
garagem, gangue, ghetto ou guerra fria!

Si pensa em poesia, a voz varia.
Si enquadra no quadrinho, berra e brada.
Si mede a Edade Media, espicha a espada.
Si goza o cine em scena, esporra e espia.

Por ser exaggerado e circumscripto
é tão contradictorio quanto o facto
de erguer, minimo e unisono, seu grito.

Si edito, vandalizo e desacato.
Si leio, fanatizo-me e repito
o lemma: "Antes quintal que anonymato!"


(Glauco Mattoso)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

DELICIOSA CLASSE MÉDIA.

   Lurdes estava bastante aflita com a confusão anterior entre seu filho e seu marido. As coisas não andavam agradáveis para ninguém naquele lar e o furto de uma quantia em dinheiro afetaria (ou não) as coisas.
  -Gabryel, eu estou pagando um absurdo nesse curso de inglês, e você não me dá retorno! Todo dia eu tenho que ficar no seu pé para não fazer besteira, você roubou cinquenta reais da carteira do seu pai!
   - Foi a empregada, não fui eu... Para de gritar comigo, eu juro...
  - Cala a boca guri! Não fale isso, a Maristelva é uma mulher trabalhadora. Vá já para o seu quarto, ou eu quebro seus dentes!
 - Mãe, é sério... Nãã-não conte para o papai, eu quero ir naquele show. Eu já comprei o abadá da vila sertaneja.
 - Você tá precisando é de uma surra, vá para seu quarto agora e nada de computador!
  Lurdes lembra muito bem da última briga que ocorreu em sua casa entre seu marido e seu filho, temendo que algo pior acontecesse, age por puro impulso.
 -Luiz, temos que conversar seriamente sobre os cinquenta reais que você disse que sumiu de sua carteira. Eu  tô desconfiada de que foi a Maristelva, não tô delirando não! Eu tô sentindo falta até de algumas panelas e de ...
 -Pera ai mulê, que absurdo...Duvido que a Maristelva faria isso! Foi esse idiota do nosso filho, tenho certeza!
 - Não acredito que você tá pensando isso ele é nosso sangue e nossa criação. Pra que ele iria roubar as panelas? Acorda!
  Enquanto seus patrões discutiam sobre sua índole e sobre seu emprego, Maristelva lavava as louças do almoço ao som da sua rádio favorita, era um programa sobre fofocas de celebridades e resumo de novelas. Pobre, tola, e infantil, nem imagina o que a espera.
 - ♫...ai ai seu te pego, ai ai se eu te pegoooo...
  Maristelva cantava feliz enquanto retirava as espumas do último prato da pia.
  - Maristelva, eu e a Lurdes precisamos falar com você! Quando tiver indo embora venha até aqui na sala.
  - Tá bom Seu Luiz.

 Sem imaginar, Maristelva senta no sofá da sala e espera por seus patrões. Talvez ela imaginava que seria uma conversa sobre não ir trabalhar na semana que vem, já que a família iria fazer uma viagem ao litoral.
  - Oi Maristelva, o que temos para conversar pode ser meio desagradável, e por favor, não nos interprete de uma maneira negativa, mas a Lurdes tem sentido a falta de alguns utensílios da cozinha.
  - É Maristelva, sabe aquela panela de pressão que eu ganhei do meu irmão? Sumiu. Aquela tampa de microondas que eu comprei da revista também, sabe nos explicar?
  - Nossa Seu Luiz e Dona Lurdes, assim vocês me deixam constra... contrang... me deixam péssima! Eu nunca peguei uma balinha que não fosse minha, eu não sei de panela nenhuma! Vou procurar, talvez esteja nessa bagunça da despensa.
  - Acho que não, já olhamos. E tem outra coisa, sumiu dinheiro da minha carteira...
  Com o choro querendo sair, a pobre Maristelva acha forças dentro de sí, e pede demissão.
  O caminho de volta para casa foi uma lamentação que só, por dentro da cabeça dessa mulher  passavam mil coisas ao mesmo tempo. Ela se lembrava dos conselhos que ganhava de sua mãe, que roubar era feio, lembrava dos conselhos de seu pastor e da Bíblia que dizia nos mandamentos ''Não roubarás''. Maristelva, se lembrava até dos políticos de Brasilia com os escândalos nas cuecas.
 '' Meu Deus, e meus filhos? O que vou dizer a eles?'' Pensou alto. Ainda pensando o que diria para seus meninos, desce no terminal, e sem olhar para atravessar, é atropelada por outro ônibus.

 Lurdes pela manhã lê seu jornal '' Noticias da Manhã '' e olha uma reportagem nem tão diferente nas páginas de tragédias, '' DOMÉSTICA É ATROPELADA POR ÔNIBUS.''  vê o nome de Maristelva, não consegue comer, mas já vai contratar outra menina para lavar sua linda casa, só que dessa vez uma mais jovem para limpar direito.

( Anna Alchuffi)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A cachaça e as putas

Joaquim:- Zeca termina logo com essa pinga e vamos!
Zeca: - Porra, Joaquim! Isso aqui não é pinga não véio, é cachaça da boa. Uma iguaria feita de cana e fogo. Cara e da boa. Vale cada real, ademais, as putas não vão fugir, tenha paciência!
Zeca:- Pronto, acabei! Vamos logo para Vila Mimosa meu irmão.
Joaquim:- Puta merda, eu não entendo você Zeca. Toma cachaça cara, mas come puta barata.
Zeca retruca: - Véio, depois de tomar essa cachaça, qualquer puta barata fica linda e gostosa.
Joaquim: - Pera aí então que eu vou querer um gole!