Por Fabio da Silva Barbosa
O ponto de ônibus estava cheio de gente aglomerada. Queriam evitar a forte chuva que caía. Os carros passavam jogando água nos pedestres que corriam tentando atravessar as ruas ou chegar até as marquises. Fechou o sinal para os carros. Nesse momento ele vem pulando na água e virando cambalhotas. Passa entre os carros e dá socos nas laterais dos ônibus estacionados.
- Arruma um troco aí, madame? - Pergunta ao se apertar entre as pessoas do ponto de ônibus.
Algumas senhoras se limitam a segurar as bolsas com maior força, outras olham para o lado oposto fingindo não ouvir. Um magrão estalou a língua aborrecido.
- Por que não vai arrumar trabalho? – Questionou um baixinho.
- Você me daria trabalho? – Respondeu atrevido.
Depois de percorrer todo o ponto sem conseguir uma moeda sequer, voltou para a chuva e fez um sinal de agradecimento ao inclinar o corpo.
- Muito agradecido pela ajuda de todos e vão se foder.
Voltou a se meter entre os carros que a essa altura estavam em movimento, pois o sinal já estava aberto de novo. Entre saltos e danças estranhas ele chegou ao outro lado. O trajeto foi acompanhado por buzinas e xingamentos dos motoristas. Seguiu a calçada, bailando sob a água que caída. Sua face demonstrava uma alegria marota. Dobrou a esquina deixando os rostos carrancudos para trás.
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