Por Fabio da Silva Barbosa
O candidato da direita e o da esquerda se encontraram para um jantar a luz de velas.
D: Como vai, excelentíssimo colega?
E: Meio aborrecido com a situação.
D: Mas as coisas sempre foram assim. Só muda um pouco a camuflagem.
E: Para você é fácil falar. Tá bom para você. Daí pode ficar na zona de conforto.
D: Não seja radical.
E: Não sou. Sou pelo povo.
D: Eu também.
E: Defina povo.
D: A população do nosso amado país. Nós também fazemos parte do povo. Os empresários, os latifundiários…
E: Serei mais específico então. Sou pelo povo pobre.
D: E pelos seus financiadores de campanha.
E: O que está insinuando?
D: Apenas dizendo.
E: Caranguejo não tem pescoço!
D: A lua está redonda como um tamanco.
E: Jacaré não mergulha na água porque tem medo de mosquito!
Nesse momento um olha fixamente para os olhos do outro e o outro para os olhos do um. Começa a tocar um tango bem pegado. Ambos se levantam. Dão a volta na mesa até ficarem bem próximos.
E: Pode ter algum jornalista… Vão nos fotografar…
D: A imprensa é nossa
Se abraçam e saem bailando aos beijos pelo salão enquanto os cifrões caem dos bolsos mais que cheios.