Por: Diego El Khouri
envolto em vestes, cetim branco - bem cuidado -
nenhum rasto de sujeira, sangue, medo ou maus tratos
essa roupa é o mundo que me guarda
me protege embrulhado num sonho mágico
nas carícias impostas, nos beijos quentes de outrora
na viagem sem rumo do presente perdido
essa é a roupa que me guarda
me livra de mim mesmo
e me rouba o que já faz parte de mim
e nem eu mesmo sei...
essa roupa me esconde a volúpia
que me enlouque dia e noite
o desejo constante de ser outro
de ter outra, outra forma de agir
(agir pra não cair)
essa roupa é o mundo!
nosso mundo, “jardim de acácias”
de prédios, escolas e fábricas
“a deusa se ergue vestida de folhas
encerra-se um ciclo”
a matéria bruta da poesia
voltar a ver a alvorada...
o solstício, a doce manhã
a bebida após o almoço
cigarro após o orgasmo...
“inframundos”, Freguesia
mais um instante, aqui, jacarepaguá
rio de janeiro
vinte e dois de março de 2014
cidade das noites embriagadas
das alucinatórias paisagens
onde danço o meu blues encharcado
de álcool e sacanagem
rio de janeiro
cidade puteiro,
(contraditória imagem)
rio de janeiro
- cidade do rio de janeiro -
um momento, um momento,
cadê meu isqueiro?
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