O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

terça-feira, 9 de julho de 2013

SOBRE MINHA PINTURA

(Por Diego EL Khouri)

“A minha voz persegue o que os meus olhos não alcançam”. Através das inúmeras vozes que falam através do pincel, oriento o traço nas cores vivas que bailam desnudas na contradição da vida intensa, na excentricidade delirante dos sentidos e sobretudo na subversão poética dos costumes que é a raiz das artes plásticas no mundo contemporâneo. A minha pintura aponta para vários caminhos. As cores fortes e os traços rápidos (por vezes lento e tranquilo, porém este em menor escala) rompem o equilíbrio das formas para atingir um nível em que uma figura sobreponha a outra dando texturas grossas e infectadas de imagens na obra. Vejo algo belo. O trágico perdendo sua veste e penetrando em temas não muito explorados nem no mundo das artes como a religião, a fé, dogmas, tradições, teorias, etc. Isso está bem claro no quadro que intitulei “A Igreja, o Clero e o Prazer”. O moralismo e sua face contrária se beijando. A hierarquia perigosa da religião ainda com cores quentes num flerte sempre presente com o sépia e o preto. A aurora, o nascimento, a explosão. O vermelho e o amarelo em excesso. Nisso muitos quadros casam. A fase agora é “alvorada embutida na tela”. Prato cheio para acelerar a corrente sanguínea dos receptores atentos e ao mesmo tempo lançar na mente dos mais afoitos a volúpia que se comunica com diversos temas e ideias mesmo que não seja explicito em todos os quadros. Sartre já dizia que o espectador traduz o sentido da obra de acordo com que consegue alcançar tendo em vista suas próprias experiências. Cada pessoa deve ser autor de suas visões. Delacroix já dizia que “a execução na pintura deve sempre ter improvisação”. O fim não necessariamente deve ser igual ao começo. Mesmo antes de me formar alguns anos atrás na turma técnica de Artes Visuais Basileu França e expor em vários locais já produzia intensamente meus desenhos e quadros, vendia e participava de exposições. Agora o momento é das cores quentes, vibrantes, com pequenas camadas de nebulosidade e escuridão; o mistério na pele exposta. O paradoxo como raiz. Edifício em escombros – outra imagem contida nas telas. Disse numa entrevista que concedi em março de 2010 para Law Tissot do Rio Grande do Sul que grande parte do meu processo de criação “ é contra o sono, o marasmo e o pensamento reacionário” e que a “ arte tem que fugir do lugar comum e da mesmice.” Ainda concordo com isso, mas prolongo esse pensamento dizendo também que arte é a beleza plena andando na corda bamba sem medo algum. “É preciso dar o sangue”. Estar ligado com seu tempo. Ousar, sentir, subverter, implodir e explodir. Millet estava certo. Na arte não há espaço para covardes e minha pintura é o retrato vivo dos olhos que lacrimejam sem medo, do carinho terno das manhãs sem pudor e o beijo colhido na poesia feroz e delirante de alguns pensadores.


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