O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

COM MEUS CAMARADAS JOGUEI DOMINÓ, DEI UM TRAGO NO CÂNHAMO MISTURADO AO TABACO

Por Edu Planchêz

revirando as tripas do breu do aqui luz,
no azeite do homem
revirado pelos alicates e bisturis
eu ser remendado,
emoldurado por curativos,
pétalas que me cobrem os talhos
construídos pelos exímios cirurgiões
quatorze pontos fecham os túneis
cavados em meu ombro direito,
desenhos da minha particular lenda.
relógio das ricas horas
que passei com os camaradas
que conheci no hospital lourenço jorge
e comemos biscoitos
e comemos rabanada dia 23 de dezembro
antes de dormir,
após a falha tentativa de operar-me
pós estar anestesiado
e em sono profundo
( a máquina de perfurar ossos,
resolveu deixar de funcionar
bem no momento d'eu ser cortado...
dois pinos de titânio
seguram, prendem meu ombro ao braço,
os ligamentos haviam sido rompidos
pós a queda da bicicleta
em plena estrada dos bandeirantes...
com meus camaradas de leito joguei dominó,
dei um trago no cânhamo misturado ao tabaco
para que ninguém notasse o que fazíamos
no pátio das ambulâncias,
nessas noites de quase desespero,
o delírio é um aliado,
diablito necessário, a ponte, a lente
juro saudade de toda a equipe
que cuidou de mim e de meus camaradas,
dos maqueiros, das enfermeiras e enfermeiros,
da farta e deliciosa comida,
das agulhadas constantes,
do sabor da dipirona intra venal.
de ter que dormir com dois cobertores
por conta do intenso frio das enfermarías,
frio esse, que evitam que as bactéria se multipliquem
a morte dos corpos guardados em sacos plásticos,
a silenciosa morte dos que se negam a ajudar,
dividir tudo, dos seus leitos. a solidariedade do irmão,
da irmã aos que sofrem ao nosso lado


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