Eu ouço teus lábios da mesma forma que teus olhos. Mil cordas se desprendem do coração. Ouço um som suave, cristalino, límpido clamando meus olhos a teu ventre opaco e quente como a noite. Um milagre sucedido de outro. Paisagens e cores e risos a luz da manhã. O que agora poderia dizer? A quem me entregar? O que procurar? O que prever? Há um propósito para tudo. Bem eu sei. Até para a Morte. Até para a vida. Talvez mergulhar no mar... Senti-la outra vez, ouvir o canto dos pássaros, a beatitude que um sorriso proclama; jardins paradisíacos, vastos caminhos: a existência – existência sem limites – o desejo, a volúpia – sol pulsando mais forte iluminando os corpos em desalinho... tudo mais... corpos e corpos... olhos gentis e o que se sucede após ser devorado por esses olhos, esses olhos, esses olhos, olhos, olhos, olhos... lábios presos aos olhos, preso em ti, preso em mim... em teu olhar... Morte... descampado... gramado... a plenitude... a vida... A Morte.
Abril, 2005
Nenhum comentário:
Postar um comentário