O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ILEGALIDADE DOS FATOS


(Por Diego EL Khouri)

Minha língua na sua boca
enquanto o cansaço me consome
eu sinto diversas fomes
não só de comida vive o homem
ser coxa de frango
e torresmo barato
comida enlatada
na esquina de baixo
meu estômago infla
a inflação sobressai
quase não sai as palavras
vivo matando mil rimas...
isso sim é minha sina!
:matar sentimentos, histórias, meses, dias...
a iniqüidade do tempo me aniquila.

Tenho um cigarro na boca.
Vomito toda essa porra.
-- Se faço poemas? Sou mais um porco
emporcalhando os dias com meu desgosto.

Edifícios se fixam no mastro
o maço de cigarro do lado 
-- abstinência irrevogável--.
Ouço o canto do galo
o grito subalterno no pátio
a explosão dilacerante de um falo
e no meu encalço feito louco
um pit bull com asas de doido
me encurrala na privada.

Vocês não entendem!!!!!!!!!!!!!!!!!!
nem a trindade me absorve
vocês aí todos sentados
com essas caras de taxo
não percebem a poesia fluindo
é o canto da madrugada falida
o ventre exposto de crimes
a imobilidade existencial
ele falou comigo
o escravagista sangue-suga da realeza caduca
não posso sair
sou idiota de asas douradas
roubando a pílula sagrada
poesia reflete a minha alma
Marx me devolveu a madrugada
sou tolo egocêntrico sem senso de tempo.

Me sinto roubado, portanto sou ladrão
sem métrica e rima
sem beleza poética
apenas tô cagando essas grades aqui em volta de mim
limpem seus cús da mesmice filosófica platônica
mais Rimbauds na existência!!
mais sacanagem em ventres decentes!!

             L
           I
           B
               E
             R
                 D
                    A
                       D
                           E

nada  de mortandade
nossas crianças sem crime na carne
as fraturas expostas na alma
o amor acima da mediocridade.

Agora cá comigo,
não perceberam?!
Repito versos e versos e versos e palavras
numa ânsia de parecer papagaio e não gente.

Pio Vargas, poeta infame,
guerreiro do infinito,
vírus vanguardista,
deus sóbrio,
vem bebericar aqui comigo belos versos de Merda
aquela merda "marcosiana"
que senta em minha frente
e lê "pai nosso que estais no céu"
num nojo não dogmático.

Olvidaram o Ipiranga
nas plagas mágicas da cannabis.
Ela com o cabelo de fogo me paralisa no mato.
A erva entra e a fantasia sai.
Dentro da barba do Kaio todos poetas nascem.
Anna Alchuffi bebe na praça.
Todo o dia a pança incha sobre a triste vala.

Sem rima, cadência ou samba
sem o anel de bamba
a mulata e sua banha dança
dentro de minhas entranhas de dama
dança com um ritmo desumano.

Tenho útero, vocês sabem.
Diego EL Khouri, ursinho de pelúcia
da fábrica da delinquência.
Preso, assim me sinto, portanto estou.
A vida é ilegal
a poesia é ilegal
a camaradagem é ilegal
a desobediência é ilegal
a amizade é ilegal
a necessidade é ilegal
a virtude é ilegal
a sabedoria é ilegal
o conhecimento é ilegal
a cultura é ilegal
o respeito é ilegal
o corpo é ilegal
o pelo é ilegal
"Deus roubou meus sonhos!"

A minha barriga deformada
é história negada.
Acendo um cigarro na esquina de casa
vejo pernas, peitos, bundas, glandes, tíbias, fibras, vulvas, bocas mudas absurdas obtusas caladas safadas
lindas realidades
e o que sobrou?
A conversa fiada de manhã
trancafiada nesse louco afã
a ânsia de não ser são

               SER APENAS CÃO!!!


catarro amarelo no chão
fio dental preso no dente
na fome ritualística da fome poética.

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