Por Fabio da Silva Barbosa
quando a depressão bate fundo
a angustia tempera a tormenta
e a droga acabou
só nos resta estes cortes profundos
fazendo o sangue vazar dos pulsos
acompanhando as lágrimas
que escorrem dos olhos
os punhos esfolados
um rosto que já não é rosto
ninguém ao seu lado
a corda apertando o pescoço
morrer não seria esforço
um corpo denegrido pela vida
vendendo sua miséria
por trocados furados
um litro de álcool
já é pouco para fazer o sono chegar
feridas e hematomas
por toda a parte
perfurando cada parte de seu corpo
cicatrizes e marcas
deformações constantes
se arrastando por toda a vida
infecção se alastrando
a dor do aborto vivo
o inferno eterno
derretendo como colostro bestial
como seres mundanos
besuntados de febre
e delírios fúnebres