Por Fabio da Silva Barbosa
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seu rosto derretia
num constante agonizar
o sofrimento trancado
na caixa do seu corpo
sei bem o gosto cortante
dessas lágrimas ácidas
caídas
como anjos
que viraram demônios
estar completamente só
sem ninguém pra dar a mão
sem carinho ou proteção
contra esse mundo tosco
quando não há lugar
para onde ir
não há nada
para sentir
as escolhas parecem mortas
folhas secas
caindo
povoando o solo
e indo pra baixo
provavelmente você também não vai entender
não sabem o que é perder
no labirinto da dor
sentindo a lâmina cortando
só para aliviar
essa existência
essa penitência
a raiva e a mágoa
o flagelo infinito
da desumanização contínua
desses corpos e mentes que se vão